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São Paulo, sexta-feira, 25 de abril de 2003

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Lula deseja sucessão sem "choque" e medidas "serenas", afirma Garcia

FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deseja uma transição sem "choques" na Argentina, na qual o próximo presidente adote medidas "serenas" e não mude bruscamente o curso do atual governo, de Eduardo Duhalde.
A avaliação é do assessor especial de Lula para assuntos externos, Marco Aurélio Garcia, que esteve no país vizinho na semana passada e está informando o presidente sobre o pleito.
"A Argentina é um país que passou por uma situação extremamente conturbada e ainda se recupera. O mais importante é não haver um choque", disse.
Ele utilizou uma metáfora médica para ilustrar a defesa de uma transição sem ruptura. "A Argentina é um paciente em processo de restabelecimento que precisa de uma sopinha e não de um prato apimentado", completou.

Duhalde "surpreende"
Garcia diz que, na opinião de Lula, Duhalde teve um desempenho "surpreendente" como presidente. O processo de estabilização do país deve prosseguir.
"Muitos apostavam que Duhalde não duraria quatro semanas no cargo, dadas as condições em que assumiu [em janeiro de 2002]. Mas, de maneira até surpreendente e correta, ele conseguiu dar estabilidade ao país", afirmou o assessor.
Duhalde, do Partido Justicialista (peronista), apóia a candidatura do ex-governador da Província de Santa Cruz Néstor Kirchner.
Garcia afirma que esse apoio dá a Kirchner condições de encarnar a "solução de continuidade", mas, cauteloso, o assessor afirma que isso não significa que o candidato tenha o apoio de Lula.
O governo, segundo ele, reconhece outros candidatos como capazes de fazer uma transição estável.
Cita o economista liberal Ricardo López Murphy, ex-ministro das Finanças, e até o ex-presidente Carlos Menem, também peronista, que, por sua experiência, pode se convencer da necessidade de medidas "previsíveis".

Relações difíceis
O presidente, segundo Garcia, estará em Buenos Aires no dia 25 de maio, quando assume o sucessor de Duhalde -mesmo que este seja Menem, que já foi comparado por Lula ao ex-presidente Fernando Collor.
"A relação entre os dois pode não ser a mais cordial, mas presidentes têm de ter a grandeza de colocar os interesses nacionais em primeiro lugar", afirmou Garcia.


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