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Lula deseja sucessão sem "choque"
e medidas "serenas", afirma Garcia
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva deseja uma transição sem
"choques" na Argentina, na qual
o próximo presidente adote medidas "serenas" e não mude bruscamente o curso do atual governo, de Eduardo Duhalde.
A avaliação é do assessor especial de Lula para assuntos externos, Marco Aurélio Garcia, que
esteve no país vizinho na semana
passada e está informando o presidente sobre o pleito.
"A Argentina é um país que passou por uma situação extremamente conturbada e ainda se recupera. O mais importante é não
haver um choque", disse.
Ele utilizou uma metáfora médica para ilustrar a defesa de uma
transição sem ruptura. "A Argentina é um paciente em processo de
restabelecimento que precisa de
uma sopinha e não de um prato
apimentado", completou.
Duhalde "surpreende"
Garcia diz que, na opinião de
Lula, Duhalde teve um desempenho "surpreendente" como presidente. O processo de estabilização
do país deve prosseguir.
"Muitos apostavam que Duhalde não duraria quatro semanas
no cargo, dadas as condições em
que assumiu [em janeiro de
2002]. Mas, de maneira até surpreendente e correta, ele conseguiu dar estabilidade ao país",
afirmou o assessor.
Duhalde, do Partido Justicialista
(peronista), apóia a candidatura
do ex-governador da Província de
Santa Cruz Néstor Kirchner.
Garcia afirma que esse apoio dá
a Kirchner condições de encarnar
a "solução de continuidade", mas,
cauteloso, o assessor afirma que
isso não significa que o candidato
tenha o apoio de Lula.
O governo, segundo ele, reconhece outros candidatos como
capazes de fazer uma transição estável.
Cita o economista liberal Ricardo López Murphy, ex-ministro
das Finanças, e até o ex-presidente Carlos Menem, também peronista, que, por sua experiência,
pode se convencer da necessidade
de medidas "previsíveis".
Relações difíceis
O presidente, segundo Garcia,
estará em Buenos Aires no dia 25
de maio, quando assume o sucessor de Duhalde -mesmo que este seja Menem, que já foi comparado por Lula ao ex-presidente
Fernando Collor.
"A relação entre os dois pode
não ser a mais cordial, mas presidentes têm de ter a grandeza de
colocar os interesses nacionais em
primeiro lugar", afirmou Garcia.
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