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Zimbábue veta produção em terras de brancos
ANGUS SHAW
DA "ASSOCIATED PRESS", EM HARARE
Cerca de 2.900 fazendeiros
brancos no Zimbábue receberam ordem para parar de
trabalhar em suas fazendas
até a meia-noite de ontem. A
ordem integra o programa
de desapropriação de terras
do governo do presidente
Robert Mugabe, cujo objetivo é redistribuir fazendas
pertencentes a brancos entre
sem-terra negros.
Não estava claro quantos
fazendeiros pretendiam desobedecer à ordem. "Há dois
anos, tentamos argumentar
com o governo. Desafiá-lo
agora não faria diferença",
disse Lindsay Campbell, que
há 12 anos cultiva milho e tabaco em Marondera.
Segundo a lei, os fazendeiros deveriam interromper
suas operações até a meia-noite de ontem, quando suas
terras se tornariam propriedade do Estado, e desocupar
suas casas até 8 de agosto. Os
fazendeiros que desobedecerem às ordens serão multados e enfrentarão penas de
até dois anos de prisão.
O Zimbábue enfrenta uma
crise potencialmente arrasadora de escassez de alimentos. O Programa Mundial de
Alimentação estimou que
quase 6 milhões de zimbabuanos vão precisar de assistência alimentar neste ano.
A crise alimentar foi provocada pela seca durante a
estação de crescimento do
milho, neste ano, e pela tomada das fazendas comerciais, frequentemente realizada com violência, por partidários de Mugabe. Segundo o PMA, as fazendas comerciais são cerca de cinco
vezes mais produtivas que as
pequenas propriedades.
Desde junho de 2000, o governo do Zimbábue já determinou o confisco de 5.872
fazendas, em sua maioria de
brancos -cerca de 10,4 milhões de hectares de terras.
Os brancos são menos de
1% da população do Zimbábue. Antes dos confiscos recentes, fazendeiros brancos,
em sua maioria descendentes de colonos britânicos e
sul-africanos da era colonial,
eram proprietários de cerca
de um terço das terras agrícolas produtivas do país.
Apesar da promessa de
que as fazendas confiscadas
seriam entregues a negros
pobres, muitas foram dadas
a parlamentares e homens
de confiança de Mugabe.
Tradução de Clara Allain
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