São Paulo, Quarta-feira, 25 de Agosto de 1999
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PARAGUAI
Acusado de favorecer banco privado, ele não poderá sair do país e diz ser vítima de perseguição política
Justiça processa ex-presidente Wasmosy

da Reportagem Local

A Justiça paraguaia acusou ontem o ex-presidente Juan Carlos Wasmosy (1993-98) de fraude em suposto "salvamento" irregular de um banco privado pelo Banco Central (BC).
Wasmosy responderá a processo em liberdade, mas não poderá sair do país, ficará com seus bens indisponíveis e terá cerca de US$ 360 mil retidos como garantia de gastos judiciais.
Em 96, o Banco Desarrollo (BD) foi beneficiado, dentro de um "plano de reabilitação" do BC paraguaio, com a quantia de 130 bilhões de guaranis (cerca de US$ 40 milhões).
Segundo o jornal "ABC Color", o BD estaria quebrado, com um patrimônio negativo de cerca de 73 bilhões de guaranis. De acordo com o diário, o Banco Desarrollo era dirigido por dois amigos de Wasmosy, Evelio González Pérez e José Gaspar Gómez Fleitas.
O banco acabou sofrendo intervenção em setembro de 98, após o fim do mandato de Wasmosy, e está em processo de liquidação atualmente.
A abertura do processo criminal contra Wasmosy, que ocupa o cargo de senador vitalício, só foi possível porque, no último dia 12, o Senado paraguaio cassou sua imunidade parlamentar.
Dos 32 senadores presentes, 22 votaram a favor do fim da imunidade. Oito se ausentaram.
O ex-presidente Wasmosy foi um dos protagonistas de uma intensa disputa política ocorrida no Paraguai, nos últimos anos, que culminou com o assassinato, em março último, do então vice-presidente, Luis María Argaña.
Os outros pivôs da crise foram: o ex-general da reserva Lino Oviedo, líder de um golpe militar fracassado contra Wasmosy em 96; o ex-presidente Raúl Cubas, aliado de Oviedo, que sucedeu Wasmosy, mas foi forçado a deixar o cargo após a morte de Argaña; e o próprio Argaña.
Dos quatro políticos, apenas Wasmosy ainda vive no Paraguai. Oviedo está exilado na Argentina e Cubas, no Brasil, ambos acusados de envolvimento no assassinato de Argaña.
Embora os quatro políticos sejam do Partido Colorado, no poder desde 1947, eles pertenciam a grupos diferentes, que tentavam dominar a agremiação.
No momento, o Paraguai é governado por Luis González Macchi, ex-presidente do Congresso paraguaio, que assumiu após a fuga de Cubas para o Brasil.
González é próximo ao grupo político de Argaña, que domina hoje o governo. Após a cassação de sua imunidade, que contou com votos de senadores "argañistas", Wasmosy qualificou a decisão de "perseguição política".
Segundo o editor de política do "ABC Color", Edwin Britez, a proteção do governo a Wasmosy "não era um bom negócio político" devido à promessa de González Macchi de agir contra a impunidade no país. (OTÁVIO DIAS)


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