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PARAGUAI
Acusado de favorecer banco privado, ele não poderá sair do país e diz ser vítima de perseguição política
Justiça processa ex-presidente Wasmosy
da Reportagem Local
A Justiça paraguaia acusou ontem o ex-presidente Juan Carlos
Wasmosy (1993-98) de fraude em
suposto "salvamento" irregular
de um banco privado pelo Banco
Central (BC).
Wasmosy responderá a processo em liberdade, mas não poderá
sair do país, ficará com seus bens
indisponíveis e terá cerca de US$
360 mil retidos como garantia de
gastos judiciais.
Em 96, o Banco Desarrollo (BD)
foi beneficiado, dentro de um
"plano de reabilitação" do BC paraguaio, com a quantia de 130 bilhões de guaranis (cerca de US$
40 milhões).
Segundo o jornal "ABC Color",
o BD estaria quebrado, com um
patrimônio negativo de cerca de
73 bilhões de guaranis. De acordo
com o diário, o Banco Desarrollo
era dirigido por dois amigos de
Wasmosy, Evelio González Pérez
e José Gaspar Gómez Fleitas.
O banco acabou sofrendo intervenção em setembro de 98, após o
fim do mandato de Wasmosy, e
está em processo de liquidação
atualmente.
A abertura do processo criminal
contra Wasmosy, que ocupa o
cargo de senador vitalício, só foi
possível porque, no último dia 12,
o Senado paraguaio cassou sua
imunidade parlamentar.
Dos 32 senadores presentes, 22
votaram a favor do fim da imunidade. Oito se ausentaram.
O ex-presidente Wasmosy foi
um dos protagonistas de uma intensa disputa política ocorrida no
Paraguai, nos últimos anos, que
culminou com o assassinato, em
março último, do então vice-presidente, Luis María Argaña.
Os outros pivôs da crise foram:
o ex-general da reserva Lino Oviedo, líder de um golpe militar fracassado contra Wasmosy em 96;
o ex-presidente Raúl Cubas, aliado de Oviedo, que sucedeu Wasmosy, mas foi forçado a deixar o
cargo após a morte de Argaña; e o
próprio Argaña.
Dos quatro políticos, apenas
Wasmosy ainda vive no Paraguai.
Oviedo está exilado na Argentina
e Cubas, no Brasil, ambos acusados de envolvimento no assassinato de Argaña.
Embora os quatro políticos sejam do Partido Colorado, no poder desde 1947, eles pertenciam a
grupos diferentes, que tentavam
dominar a agremiação.
No momento, o Paraguai é governado por Luis González Macchi, ex-presidente do Congresso
paraguaio, que assumiu após a fuga de Cubas para o Brasil.
González é próximo ao grupo
político de Argaña, que domina
hoje o governo. Após a cassação
de sua imunidade, que contou
com votos de senadores "argañistas", Wasmosy qualificou a decisão de "perseguição política".
Segundo o editor de política do
"ABC Color", Edwin Britez, a proteção do governo a Wasmosy
"não era um bom negócio político" devido à promessa de González Macchi de agir contra a impunidade no país.
(OTÁVIO DIAS)
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