|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MINORIA
Defesa de emenda altera campanha do presidente
Kerry diz que Bush usa casamento gay para desviar debate eleitoral
DA REDAÇÃO
O pré-candidato democrata à
Presidência dos EUA John Kerry
acusou ontem o republicano
George W. Bush de estar usando o
tema do casamento gay como um
recurso para mudar o foco da
campanha eleitoral deste ano.
"Acredito que ele é um presidente
que está em dificuldades e apenas
está tentando uma mudança de
assunto político. Ele não quer falar sobre as questões reais", disse
Kerry à rede de TV ABC.
Anteontem, Bush declarou seu
apoio a uma emenda à Constituição que defina o casamento como
uma instituição entre um homem
e uma mulher.
Em editorial publicado ontem,
o jornal "The Washington Post"
afirma que Bush "abandonou a
Constituição [em prol] da política
de ano eleitoral". O "New York
Times" fez crítica semelhante.
Para os republicanos não é uma
tarefa fácil sustentar que a decisão
de Bush não tem vinculação com
o calendário político, já que as
chances de o Congresso emendar
a Constituição são pequenas.
Além disso, durante a campanha
de 2000, Bush afirmou ser contra
uma intervenção federal a respeito de casamentos gays.
A maior parte dos analistas políticos interpreta o apoio de Bush à
emenda contra o casamento gay
como uma manobra destinada a
fortalecer sua base entre os conservadores. É também uma ruptura com a linha da campanha de
2000, quando afirmava ser candidato "para unir, e não dividir".
De acordo com estrategistas republicanos ouvidos pelo "Washington Post", Bush não teve outra alternativa. Os conservadores
estavam ficando apreensivos com
o déficit orçamentário, os gastos
elevados do governo e o plano de
Bush de facilitar a imigração.
A transferência dos debates da
campanha de temas econômicos
para questões sociais é do interesse de Bush, já que o país continua
sem criar empregos e a discussão
de assuntos como aborto, religião, patriotismo e homossexualismo costuma ser favorável aos
republicanos. O posicionamento
do presidente contra o casamento
gay é uma maneira de estabelecer
uma diferença marcante em relação aos democratas e agradar ao
eleitor conservador, estimulando-o a sair de casa para votar no
dia da eleição.
27 emendas aprovadas
Desde 1789 foram feitas apenas
27 emendas à Constituição. A última emenda foi aprovada em
1992, 203 anos após ter sido proposta. Para ser incorporada à
Constituição, uma emenda precisa do voto de dois terços do Senado e da Câmara. Em seguida, ela
tem um prazo de sete anos para
ser ratificada por pelo menos 38
dos 50 Estados.
Os críticos da proibição do casamento gay observam ainda que
emendas constitucionais ampliam e garantem direitos. A única exceção foi em 1919, com a Lei
Seca, que proibiu o consumo de
bebidas alcoólicas e acabou mais
tarde anulada por outra emenda.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Opinião: Bush atenta contra espírito da Constituição Próximo Texto: Iraque ocupado: Mau uso de fundos mina ajuda, diz Bird Índice
|