São Paulo, sexta-feira, 26 de março de 2004

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SAÚDE

Estudo em países em desenvolvimento mostra que falta de vitaminas afeta capacidade intelectual e produção de riquezas

Má alimentação reduz QI e PIB, diz ONU

DA REUTERS

A alimentação deficiente em vitaminas e sais minerais é responsável pela morte de mais de 1 milhão de crianças por ano no mundo, está causando a redução da média do QI e provoca perdas de produtividade que chegam a 2% do PIB (Produto Interno Bruto, total de riquezas produzidas por um país) nos piores casos.
Essas são algumas das conclusões apresentadas em "Deficiência de Vitaminas e Minerais - Relatório do Progresso Global", documento produzido pelo Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) com dados de 80 países em desenvolvimento.
"A deficiência de vitaminas e minerais é tão disseminada que debilita em grau significativo as energias, o intelecto e as perspectivas econômicas das nações", afirma o documento.
"A deficiência de vitaminas é uma doença e, quando as pessoas têm essa doença, elas não atingem seu potencial mental ideal", afirma Ronald Waldman, professor de clínica médica da Universidade Columbia (Nova York). Embora algumas deficiências, como a de vitamina A, possam ser corrigidas, outras causam danos permanentes.
"Se você passou pela fase de crescimento com falta de iodo, as perdas no seu QI [quociente de inteligência] não serão reversíveis", diz Waldman. Segundo o relatório, insuficiência de iodo e ferro pode provocar uma redução de até 20 pontos no QI. Anualmente, nascem em todo o mundo 18 milhões de crianças com problemas mentais resultantes da falta de iodo.
O estudo, que abrange a população de 80% do mundo, aponta ainda que a deficiência de ácido fólico -um nutriente necessário para o crescimento de tecidos, especialmente em mulheres grávidas- causa o nascimento de aproximadamente 200 mil bebês com defeitos congênitos.
Nos cálculos do Unicef, 40% da população do mundo têm pouco ferro, 15% apresentam insuficiência de iodo e 40%, de vitamina A.
Como solução, o Unicef propõe como medida principal que os países passem a enriquecer alguns produtos usados na alimentação: shoyu misturado com zinco, sal e farinha com ferro, e óleo de cozinha, leite e margarina com vitamina A, por exemplo.
O relatório cita o Brasil apenas nos quadros com as estatísticas localizadas por países. A falta de ferro causa anemia em 45% das crianças brasileiras com menos de cinco anos. A cada ano, a insuficiência de iodo é responsável pelo nascimento de 50 mil bebês com problemas mentais, e a de vitamina A mata 4.000 crianças.


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