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Eleitores da antiga União Soviética impulsionam líder direitista radical
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM TEL AVIV
A surpresa da campanha eleitoral em Israel é o partido de extrema direita Israel Beiteinu (Israel
Nossa Casa), liderado pelo imigrante moldávio Avigdor Liberman. Com propostas de troca de
territórios e populações para separar totalmente judeus e árabes,
a legenda conseguiu roubar votos
do Kadima e do Likud, líder natural da oposição, e espera tornar-se
essencial para a formação de uma
coalizão, ou para liderar uma
eventual oposição.
"Retiradas unilaterais dos territórios palestinos não são uma boa
idéia para dar segurança a Israel.
É preciso separar judeus de árabes, nos mesmos moldes da separação entre gregos e turcos na ilha
de Chipre. Israel é a nossa casa. A
Palestina é a casa deles", disse Liberman em comício.
A proposta é entregar as maiores cidades árabes de Israel para o
controle da Autoridade Palestina.
Ele argumenta que a população
considera-se palestina e por isso
deve viver sob um governo palestino. Ele defende que Israel mantenha o controle dos assentamentos das Cisjordânia.
A força de Liberman é o voto
dos imigrantes da antiga União
Soviética, que formam quase 20%
dos 6,7 milhões de habitantes de
Israel. Na televisão, sua mensagem é simples. Fotos de Netanyahu e de Olmert com a locução
"Niet" ("não" em russo) e, em seguida, a sua, com o som "Da"
("sim" em russo).
Em comício em um hotel de Jerusalém na semana passada, ele
falou durante uma hora sem parar para mais de 200 idosos das
ex-repúblicas soviéticas. Prometeu aumentar as aposentadorias,
lutar por mais verbas para os imigrantes e eliminar a corrupção.
"Os israelenses decidem o voto
por motivos emocionais. Os russos usam a lógica, e por isso votam em quem pode defender melhor os seus direitos e a segurança
de Israel", disse Liberman depois
do comício. Ele está convencido
de que será fundamental para a
formação do próximo governo de
Israel. "Podemos fazer 15 deputados. Quem estiver no governo vai
ter que debater o nosso plano
também, que é mais abrangente e
garante um futuro melhor para os
judeus", afirmou.
Liberman nasceu em Moldova e
chegou a Israel em 1978. Formou-se em Relações Internacionais e
Ciências Políticas na Universidade de Jerusalém. Foi ministro da
Infra-estrura e dos Transportes.
Em 2004, foi demitido do governo
por Ariel Sharon ao propor a expulsão de árabes que não se declarassem leais a Israel.
O lugar que Liberman assumiu
seria do Likud, partido formado
pelos rebeldes do governo Sharon
que deveria ser a oposição natural
ao Kadima. "Liberman nos incomoda. É claro que tira votos do Likud, das pessoas que são contra
os planos de esquerda de Olmert", disse Reuven Rivlin, deputado do Likud e presidente do
Parlamento.
"Mas ele vende sonhos, idéias
impossíveis de serem realizadas.
Nós somos responsáveis, realistas
e temos que decidir entre fazer
parte do governo, ou liderar a
oposição", disse Rivlin, durante
campanha em um ponto de ônibus de Jerusalém.
(MG)
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