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Menem e militares criticam medida
DE BUENOS AIRES
A possível extradição de militares e ex-militares para julgamento
no exterior é criticada por setores
políticos e militares argentinos.
Há também divergências dentro
do governo, e até grupos de direitos humanos chegaram a dizer
que, apesar de a anulação do decreto que impedia as extradições
ser positiva, o ideal seria que os
militares envolvidos com tortura
fossem julgados na Argentina.
O assunto chegou a gerar conflito entre os ministérios da Defesa e
das Relações Exteriores, apesar da
tentativa do governo de passar
uma imagem de "entendimento".
Enquanto o chanceler Rafael Bielsa defendia o fim do decreto, o
ministro da Defesa, José Pampuro, via a medida como mais um
ponto negativo nas relações com
as Forças Armadas após a "limpeza geral" promovida pelo presidente Néstor Kirchner.
A medida também foi criticada
por ex-candidatos à Presidência.
O economista Ricardo López
Murphy e o ex-presidente Carlos
Menem (1989-1999) são contra as
extradições e disseram que elas ferem o princípio de territorialidade. "Qualquer cidadão argentino,
civil ou militar, tem de ser julgado
pela Justiça do local onde cometeu o ato criminoso", afirmou
Menem, que em seu governo indultou militares condenados por
tortura durante a ditadura.
"[Com a medida], se está judicializando um tema extremamente delicado. Quando fui ministro
da Defesa, as Forças Armadas estavam totalmente disciplinadas,
atendendo fielmente às linhas da
democracia", afirmou López
Murphy, ligado ao setor empresarial e ministro da Defesa entre
1999 e março de 2001, no governo
de Fernando de la Rúa.
Outro crítico é o general Ricardo Brinzoni, afastado da chefia do
Exército na primeira semana de
mandato de Kirchner. Brinzoni
teve recentemente sua prisão decretada por ter participado do
"Massacre de Margarita Belén",
em que 22 presos políticos foram
executados em dezembro de 1976
na Província do Chaco, norte da
Argentina.(EC)
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