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São Paulo, sábado, 26 de julho de 2003

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Menem e militares criticam medida

DE BUENOS AIRES

A possível extradição de militares e ex-militares para julgamento no exterior é criticada por setores políticos e militares argentinos. Há também divergências dentro do governo, e até grupos de direitos humanos chegaram a dizer que, apesar de a anulação do decreto que impedia as extradições ser positiva, o ideal seria que os militares envolvidos com tortura fossem julgados na Argentina.
O assunto chegou a gerar conflito entre os ministérios da Defesa e das Relações Exteriores, apesar da tentativa do governo de passar uma imagem de "entendimento". Enquanto o chanceler Rafael Bielsa defendia o fim do decreto, o ministro da Defesa, José Pampuro, via a medida como mais um ponto negativo nas relações com as Forças Armadas após a "limpeza geral" promovida pelo presidente Néstor Kirchner.
A medida também foi criticada por ex-candidatos à Presidência. O economista Ricardo López Murphy e o ex-presidente Carlos Menem (1989-1999) são contra as extradições e disseram que elas ferem o princípio de territorialidade. "Qualquer cidadão argentino, civil ou militar, tem de ser julgado pela Justiça do local onde cometeu o ato criminoso", afirmou Menem, que em seu governo indultou militares condenados por tortura durante a ditadura.
"[Com a medida], se está judicializando um tema extremamente delicado. Quando fui ministro da Defesa, as Forças Armadas estavam totalmente disciplinadas, atendendo fielmente às linhas da democracia", afirmou López Murphy, ligado ao setor empresarial e ministro da Defesa entre 1999 e março de 2001, no governo de Fernando de la Rúa.
Outro crítico é o general Ricardo Brinzoni, afastado da chefia do Exército na primeira semana de mandato de Kirchner. Brinzoni teve recentemente sua prisão decretada por ter participado do "Massacre de Margarita Belén", em que 22 presos políticos foram executados em dezembro de 1976 na Província do Chaco, norte da Argentina.(EC)


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