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Decisão restabelece
a justiça, diz advogado
DE BUENOS AIRES
A anulação do decreto que impedia a extradição de militares
acusados de violação dos direitos
humanos serviu para "restabelecer a legalidade e a justiça". Essa é
a opinião de Carlos Slepoy, advogado da Associação Argentina
Pró-Direitos Humanos, de Madri,
na Espanha. É ele quem coordena
os pedidos de extradição de militares e ex-militares argentinos envolvidos com tortura feitos pela
Justiça espanhola. Por telefone, de
Madri, Slepoy falou com a Folha.
Folha - Para as vítimas e os familiares de ex-torturados, o que significa a possibilidade de extradição
dos militares?
Carlos Slepoy - [A anulação do
decreto] é um decisão magnífica e
mostra que a Argentina começou
a restabelecer a legalidade. A partir de agora, as extradições serão
tramitadas pela Justiça e não dependerão mais de interesses políticos, como em outros épocas.
Folha - A expectativa agora é que
os militares sejam extraditados e
julgados na Espanha?
Slepoy - Queremos que essas
pessoas sejam julgadas e condenadas, independentemente de ser
na Espanha ou na Argentina.
Agora, o pedido de extradição será encaminhado pela via diplomática, mas levará um tempo para ser analisado. Pode ser que a
Corte Suprema argentina decida
declarar inconstitucionais as leis
de Obediência Devida e Ponto Final e, assim, possibilitar que o julgamento seja na Argentina.
Folha - Mas qual é a expectativa?
Slepoy - No caso do [Ricardo]
Cavallo [ex-militar argentino que,
recentemente, foi extraditado do
México para a Espanha], levou
três anos até que a extradição fosse concluída. Agora, queremos
uma solução num prazo entre sete e oito meses. Penso, inclusive,
que alguns militares vão começar
a pressionar para serem julgados
na Argentina, onde terão mais
privilégios do que na Espanha.
Folha - Pode-se dizer que a justiça
começou a ser feita?
Slepoy - A impunidade ainda
não terminou. Devemos, inicialmente, julgar essas pessoas e fazê-las pagar por seus crimes para fazer esse tipo de avaliação depois.
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