São Paulo, Segunda-feira, 26 de Julho de 1999
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FUGA
Britânicos, empurrados por fatores como violência, deixam grandes centros rumo ao campo e a cidades menores
Reino Unido tenta deter êxodo urbano

SYLVIA COLOMBO
de Londres


O fluxo migratório da população das grandes cidades do Reino Unido para o campo preocupa o governo, organizações não-governamentais e acadêmicos.
As estatísticas denunciam o êxodo urbano. Cerca de 36,9% da população britânica vive hoje em regiões metropolitanas. Em 1972, esse índice era de 41,3%.
"Trata-se exatamente do que acontece em países do Terceiro Mundo, como o Brasil, só que às avessas. As pessoas estão correndo da confusão e da criminalidade das grandes cidades em busca de uma vida tranquila no campo ou nos cinturões verdes das metrópoles", disse à Folha Andrew Thornley, professor de planejamento urbano da London School of Economics (LSE).
Segundo o Departamento do Meio Ambiente, Transporte e Regiões, 1.700 pessoas por semana deixam as metrópoles rumo a cidades menores e ao campo.
Esse processo está causando problemas na infra-estrutura dos vilarejos. Há duas semanas, a Federação Nacional de Institutos de Mulheres divulgou uma pesquisa que revela que o sistema público de prestação de serviços (educação, saúde) não está suportando o aumento no número de habitantes, enquanto um grande número de negócios são fechados.
Mas, se a população do campo está crescendo, por que o comércio está fechando? "Cada vez mais as pessoas possuem carro e podem ir até as cidades médias mais próximas que, com seus grandes magazines e oportunidades de diversão, se tornam mais atraentes", diz Bethan Williams, da Federação Nacional de Institutos de Mulheres.
Também a paisagem está sendo afetada. Pelos dados do Departamento do Meio Ambiente, cerca de um quinto do Reino Unido será urbano até 2050. Da vegetação natural que havia em 1945 no país, 45% já não existe mais.
Para tentar reverter essa situação, o governo trabalhista do premiê Tony Blair nomeou uma comissão para propor medidas que revitalizem as grandes cidades, para diminuir a evasão dos centros urbanos.
O governo pretende gastar cerca US$ 890 milhões nos próximos dez anos para evitar a expectativa de construção de 3,8 milhões de novas casas no campo.
As principais medidas dizem respeito à recuperação de prédios abandonados e ao estímulo para a ocupação de espaços vazios. Existem cerca de 1,3 milhão de casas e escritórios vazios no país.
Segundo a proposta da comissão, os proprietários desses imóveis terão de pagar caros impostos se quiserem mantê-los desocupados. Também está sendo proposto um desconto nos impostos residenciais na cidade.



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