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FUGA
Britânicos, empurrados por fatores como violência, deixam grandes centros rumo ao campo e a cidades menores
Reino Unido tenta deter êxodo urbano
SYLVIA COLOMBO
de Londres
O fluxo migratório da população das grandes cidades do Reino
Unido para o campo preocupa o
governo, organizações não-governamentais e acadêmicos.
As estatísticas denunciam o
êxodo urbano. Cerca de 36,9% da
população britânica vive hoje em
regiões metropolitanas. Em 1972,
esse índice era de 41,3%.
"Trata-se exatamente do que
acontece em países do Terceiro
Mundo, como o Brasil, só que às
avessas. As pessoas estão correndo da confusão e da criminalidade das grandes cidades em busca
de uma vida tranquila no campo
ou nos cinturões verdes das metrópoles", disse à Folha Andrew
Thornley, professor de planejamento urbano da London School
of Economics (LSE).
Segundo o Departamento do
Meio Ambiente, Transporte e Regiões, 1.700 pessoas por semana
deixam as metrópoles rumo a cidades menores e ao campo.
Esse processo está causando
problemas na infra-estrutura dos
vilarejos. Há duas semanas, a Federação Nacional de Institutos de
Mulheres divulgou uma pesquisa
que revela que o sistema público
de prestação de serviços (educação, saúde) não está suportando o
aumento no número de habitantes, enquanto um grande número
de negócios são fechados.
Mas, se a população do campo
está crescendo, por que o comércio está fechando? "Cada vez mais
as pessoas possuem carro e podem ir até as cidades médias mais
próximas que, com seus grandes
magazines e oportunidades de diversão, se tornam mais atraentes", diz Bethan Williams, da Federação Nacional de Institutos de
Mulheres.
Também a paisagem está sendo
afetada. Pelos dados do Departamento do Meio Ambiente, cerca
de um quinto do Reino Unido será urbano até 2050. Da vegetação
natural que havia em 1945 no
país, 45% já não existe mais.
Para tentar reverter essa situação, o governo trabalhista do premiê Tony Blair nomeou uma comissão para propor medidas que
revitalizem as grandes cidades,
para diminuir a evasão dos centros urbanos.
O governo pretende gastar cerca US$ 890 milhões nos próximos
dez anos para evitar a expectativa
de construção de 3,8 milhões de
novas casas no campo.
As principais medidas dizem
respeito à recuperação de prédios
abandonados e ao estímulo para a
ocupação de espaços vazios. Existem cerca de 1,3 milhão de casas e
escritórios vazios no país.
Segundo a proposta da comissão, os proprietários desses imóveis terão de pagar caros impostos se quiserem mantê-los desocupados. Também está sendo
proposto um desconto nos impostos residenciais na cidade.
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