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LÍBANO
Violência política aprofunda pior crise no país desde guerra civil de 1975-90
Atentado fere jornalista anti-Síria
DA REDAÇÃO
Uma proeminente jornalista libanesa anti-Síria ficou gravemente ferida ontem depois que o seu
carro explodiu devido a uma
bomba no norte de Beirute, anunciaram fontes policiais e a TV para a qual ela trabalhava, a LBC.
May Shidyak, cristã, âncora da
LBC e rosto familiar para o público libanês, pode perder o pé por
causa da explosão. Foi socorrida
por transeuntes com o cabelo e as
roupas em chamas.
Vários atentados sacudiram o
Líbano desde que o assassinato do
ex-premiê Rafik al Hariri, em fevereiro, lançou o país na pior crise
política desde a guerra civil de
1975-1990. Um jornalista anti-Síria foi assassinado e uma explosão
feriu o ministro da Defesa pró-Síria Elias Murr.
O mais recente ataque ocorre às
vésperas de a ONU anunciar o resultado de sua investigação sobre
a morte de Hariri e aumenta os temores de que o país esteja voltando para a trilha da violência.
"May Shidyak, conhecida por
suas posições corajosas, era o alvo
da explosão", anunciou seu colega Yazbeck Wehbe do local do
atentado em Ghazir. "As pessoas
correram quando ouviram a explosão para encontrar as roupas e
o cabelo de May pegando fogo",
disse Yazbeck, acrescentando que
o ataque feriu seriamente seu pé
esquerdo. Médicos do hospital
onde ela está sendo tratada afirmaram que tentavam salvar o pé.
A LBC é um canal cristão que se
mostra crítico à tutela da Síria sobre o Líbano.
Muitos libaneses responsabilizam Damasco pela série de assassinatos que sacudiu o país. A Síria
nega qualquer envolvimento, mas
a morte de Hariri desencadeou
uma onda sem precedentes de
pressão externa e de protestos de
rua no Líbano que levaram a Síria
a retirar as tropas que mantinha
no país vizinho depois de três décadas de presença militar.
Um pouco antes do atentado,
Shidyak comandou um "talk
show" no qual discutiu com o
analista político Sarkis Naoum os
riscos de uma nova onda de violência no Líbano enquanto o país
aguarda os resultados da investigação da ONU que já levou à prisão de quatro generais pró-Síria.
Na sexta, os investigadores da
ONU retornaram de uma visita a
Damasco, onde interrogaram vários funcionários do governo sírio
sobre a morte de Hariri.
A explosão que atingiu Shidyak
é similar à que matou o colunista
Samir Kassir, também um crítico
da Síria, em seu carro no dia 2 de
junho, e à que, alguns dias depois,
custou a vida a George Hawi, ex-secretário-geral do Partido Comunista Libanês e que também se
opunha à Síria.
Nas Nações Unidas, o secretário-geral da organização, Kofi Annan, condenou o ataque. "O secretário-geral acredita que a comunidade internacional não deve
tolerar ataques terroristas", disse
um porta-voz. "Tais atos agora revelam um padrão de assalto não
apenas aos cidadãos libaneses
mas também aos princípios de
uma sociedade democrática, e
aberta", acrescentou.
com agências internacionais
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