São Paulo, segunda-feira, 26 de setembro de 2005

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LÍBANO

Violência política aprofunda pior crise no país desde guerra civil de 1975-90

Atentado fere jornalista anti-Síria

DA REDAÇÃO

Uma proeminente jornalista libanesa anti-Síria ficou gravemente ferida ontem depois que o seu carro explodiu devido a uma bomba no norte de Beirute, anunciaram fontes policiais e a TV para a qual ela trabalhava, a LBC.
May Shidyak, cristã, âncora da LBC e rosto familiar para o público libanês, pode perder o pé por causa da explosão. Foi socorrida por transeuntes com o cabelo e as roupas em chamas.
Vários atentados sacudiram o Líbano desde que o assassinato do ex-premiê Rafik al Hariri, em fevereiro, lançou o país na pior crise política desde a guerra civil de 1975-1990. Um jornalista anti-Síria foi assassinado e uma explosão feriu o ministro da Defesa pró-Síria Elias Murr.
O mais recente ataque ocorre às vésperas de a ONU anunciar o resultado de sua investigação sobre a morte de Hariri e aumenta os temores de que o país esteja voltando para a trilha da violência.
"May Shidyak, conhecida por suas posições corajosas, era o alvo da explosão", anunciou seu colega Yazbeck Wehbe do local do atentado em Ghazir. "As pessoas correram quando ouviram a explosão para encontrar as roupas e o cabelo de May pegando fogo", disse Yazbeck, acrescentando que o ataque feriu seriamente seu pé esquerdo. Médicos do hospital onde ela está sendo tratada afirmaram que tentavam salvar o pé.
A LBC é um canal cristão que se mostra crítico à tutela da Síria sobre o Líbano.
Muitos libaneses responsabilizam Damasco pela série de assassinatos que sacudiu o país. A Síria nega qualquer envolvimento, mas a morte de Hariri desencadeou uma onda sem precedentes de pressão externa e de protestos de rua no Líbano que levaram a Síria a retirar as tropas que mantinha no país vizinho depois de três décadas de presença militar.
Um pouco antes do atentado, Shidyak comandou um "talk show" no qual discutiu com o analista político Sarkis Naoum os riscos de uma nova onda de violência no Líbano enquanto o país aguarda os resultados da investigação da ONU que já levou à prisão de quatro generais pró-Síria.
Na sexta, os investigadores da ONU retornaram de uma visita a Damasco, onde interrogaram vários funcionários do governo sírio sobre a morte de Hariri.
A explosão que atingiu Shidyak é similar à que matou o colunista Samir Kassir, também um crítico da Síria, em seu carro no dia 2 de junho, e à que, alguns dias depois, custou a vida a George Hawi, ex-secretário-geral do Partido Comunista Libanês e que também se opunha à Síria.
Nas Nações Unidas, o secretário-geral da organização, Kofi Annan, condenou o ataque. "O secretário-geral acredita que a comunidade internacional não deve tolerar ataques terroristas", disse um porta-voz. "Tais atos agora revelam um padrão de assalto não apenas aos cidadãos libaneses mas também aos princípios de uma sociedade democrática, e aberta", acrescentou.


com agências internacionais


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