SILVANA ARANTES
DE BUENOS AIRES

As férias na Argentina do príncipe Harry, 20, filho mais novo de Charles e Diana (1961-1997), foram interrompidas ontem, sob rumores de um plano de seqüestro e com alerta do Ministério das Relações Exteriores argentino à embaixada britânica de que o comportamento expansivo do príncipe na noite de Lobos (cidade em que se hospedou) o tornava vulnerável.
Harry chegou à Argentina há duas semanas. Ficaria até o final do mês, com o propósito de treinar pólo, embora estivesse com uma lesão que o impedia de praticar esportes. Pouco antes da viagem, o príncipe se envolveu num incidente com um fotógrafo, que o esperava na saída de uma boate londrina. Tablóides ingleses noticiaram suposto abuso de álcool pelo príncipe.
A segurança de Harry na Argentina era feita por quatro agentes da Scotland Yard (polícia inglesa) e dez homens da polícia estadual. A propriedade em que Harry se hospedou, dedicada à criação de cavalos, tem 17 hectares. Com uma moto, o príncipe passou a driblar sua segurança e ir a bares da região.
Há quatro dias, uma pessoa detida por homicídio disse à polícia que havia um plano para seqüestrar Harry em uma de suas escapadas noturnas. O objetivo do crime seria o de derrubar o secretário da Segurança de Buenos Aires, León Arslaninan.
A Folha apurou que a polícia não deu crédito à denúncia, pois é prática de criminosos na Argentina falar de falsos planos para chamar a atenção e obter regalias na prisão.
Mas o governo de Buenos Aires destinou mais 15 policiais para a segurança do príncipe, elevando a 29 o número de homens na sua tutela. O Ministério das Relações Exteriores foi informado de que a Scotland Yard poderia interpretar como falha da segurança argentina eventuais problemas com o príncipe.
De acordo com uma fonte do governo argentino que pediu para não ser identificada, a passagem de Harry criou problemas para as autoridades locais. Ele citou os fatos de o príncipe ser livre para ir aonde quiser, ter 20 anos e "aparentemente [gostar] de garotas e bebidas" para expressar a dificuldade de garantir a segurança de Harry.
O Ministério das Relações Exteriores alertou a embaixada britânica na Argentina, sobre a vulnerabilidade do príncipe.
Harry deixou Lobos anteontem e dormiu na Embaixada do Reino Unido em Buenos Aires. Ontem à tarde o príncipe embarcou num vôo da British Airways de volta para seu país.
Oficialmente, a diplomacia britânica não confirma os alarmes com a segurança do príncipe nem que o regresso foi antecipado. "Não especulamos nem discutimos assuntos de segurança relacionados à visita do príncipe Harry à Argentina. O príncipe está regressando na data prevista", disse o porta-voz da embaixada à Folha.


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