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Eleito sul-coreano defende diálogo
DO "LE MONDE"
Eleito presidente sul-coreano
na semana passada, o governista
Roh Moo-hyun, 56, defende a
continuidade da política de aproximação com a Coréia do Norte, a
chamada Política da Luz Solar,
concebida pelo atual presidente,
Kim Dae-jung e criticada pela
oposição. Com uma campanha
marcada pelo antiamericanismo,
em alta no país, Roh nega que colocará em risco a aliança com os
EUA. Ele assume em fevereiro.
Pergunta - Em que direção o senhor espera que evoluam as relações com Washington?
Roh Moo-hyun - No curso de minha campanha, destaquei muitas
vezes a importância da aliança
com os Estados Unidos. As especulações segundo as quais colocarei em risco essa aliança são completamente infundadas. Isto posto, minha posição sobre a questão
norte-coreana pode ser diferente
da adotada pela linha dura de
Washington. E essa diferença se
deve simplesmente ao fato de que
sou coreano e coloco o interesse
do meu país à frente do norte-americano, e não porque desejo
solapar as fundações da aliança
entre os Estados Unidos e a Coréia do Sul. Se viermos a encontrar uma solução pacífica para o
problema das duas Coréias, creio
que a aliança com os Estados Unidos evoluirá para uma parceria
mais equilibrada, que contribua
para a segurança comum de todo
o nordeste da Ásia.
Pergunta - Para os seus adversários, a política de abertura e cooperação com o Norte, a chamada Política da Luz Solar, do presidente
Kim Dae-jung, foi um fracasso. A
escalada atual na questão nuclear
seria a prova disso. Como o senhor
pretende torná-la mais eficaz e, em
especial, obter mais concessões de
Pyongyang?
Roh - Para começar, não há alternativa à Política da Luz Solar.
Além disso, ela não fracassou.
Mudanças significativas, mas subestimadas, aconteceram na Coréia do Norte, como resultado
dessa política. Ela contribuiu, por
exemplo, para remover em parte
a capa doutrinária comunista que
pesava sobre o país. Por outro lado, o objetivo que ela não atingiu
foi o de convencer o campo conservador no Sul das vantagens,
para o nosso país, de um envolvimento com o Norte. Pretendo dedicar meus esforços para convencer meus compatriotas de que
não existe alternativa à busca de
cooperação com a Coréia do Norte e de que é preciso adotar essa
política de maneira firme, mas
paciente.
Pergunta - No momento, o diálogo entre a Coréia do Norte e os Estados Unidos está bloqueado. O senhor supõe que a intervenção de
terceiros, de fora da região, como a
União Européia, possa funcionar
como mediação e ajudar a obter
um compromisso que restabeleça o
diálogo?
Roh -Com certeza. Será vital que
tenhamos um novo e forte sinal
sobre essa questão por parte da
União Européia, como o foi a visita dos dirigentes europeus a
Pyongyang, dois anos atrás. A Coréia do Norte já manifestou muitas vezes que confia mais nos países europeus do que nos Estados
Unidos ou no Japão. A União Européia vem sendo um parceiro
importante para a Coréia do Sul
em diversos domínios, como a assistência humanitária, os direitos
humanos e a questão nuclear.
Creio que a União Européia ocupe hoje uma posição única para
exercer influência positiva com o
objetivo de criar uma solução pacífica para a crise atual e estimular
a Coréia do Norte a evoluir daqui
por diante.
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