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EUA
Grupos pró-aborto se preocupam com desdobramentos
Câmara dos EUA passa lei que vê duplo crime em morte de grávida
DA ASSOCIATED PRESS
A Câmara dos Representantes
dos EUA (equivalente à Câmara
dos Deputados) aprovou ontem
um projeto de lei determinando
que os acusados de matar uma
mulher grávida e o feto em seu
útero respondam por dois crimes
diferentes. Se aprovado pelo Senado, o projeto originará a primeira lei federal garantindo ao feto status de vítima, o que gera temor entre os grupos pró-aborto.
Proposto por alas conservadoras no Congresso, o Ato das Vítimas Não Nascidas da Violência
venceu por 254 votos a 163 na Câmara, na qual os republicanos detêm maioria. Pouco antes, a Casa
rejeitara uma alternativa proposta pelos democratas que previa
penas mais longas para os condenados por agredir ou matar gestantes, mas mantinha apenas a
mãe como vítima.
A proposta agora será submetido ao Senado, de maioria republicana, mas onde a defesa do aborto
é mais forte. Propostas semelhantes já haviam sido aprovados pela
Câmara em 1999 e 2001, mas não
passaram pelo Senado.
O projeto se aplica apenas a crimes considerados ofensas federais, como atos terroristas, tráfico
de drogas e roubos a banco, e vale
para qualquer estágio da gravidez.
O presidente George W. Bush
promoveu o projeto, considerado
uma prioridade na agenda conservadora em ano eleitoral.
"A pequena criança não nascida
é intrinsecamente preciosa, valiosa e merecedora de proteção e de
um status perante a lei", disse o
deputado republicano Henry
Hyde. Já sua colega democrata
Louise Slaughter afirmou que a lei
afetaria os direitos reprodutivos
das mulheres. "Não é pelas mulheres nem pelas crianças. É por
causa da política", disse ela.
Os defensores alegam que os
EUA estão atrasados em obrigar
quem agride uma gestante a responder por dois crimes e que a
medida é necessária para colocar
a legislação federal em linha com
a dos 29 Estados onde o feto já é
considerado uma vítima.
Um desses Estados é a Califórnia, onde o vendedor de fertilizantes Scott Peterson está sendo
julgado pelo assassinato de sua
mulher, Laci, então grávida de oito meses do filho do casal, Conner. Por isso, o projeto vem sendo
chamado de "Lei Laci e Conner".
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