DA REDAÇÃO

A Coréia do Norte propôs ontem a interrupção de seu programa nuclear, sem no entanto deixar claro se estava se referindo apenas ao projeto para a produção de bombas atômicas ou se também pretendia abandonar o programa civil de reatores para a produção de eletricidade.
Os norte-coreanos estão reunidos em Pequim desde quarta-feira com representantes da Coréia do Sul, da China, da Rússia, do Japão e dos EUA. É o primeiro encontro semelhante em seis meses para a discussão de uma fórmula que permita neutralizar a intenção da Coréia do Norte de se tornar potência nuclear.
Apesar da ambigüidade norte-coreana, o secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, disse em Washington que "são positivos" os resultados dos dois dias de negociações e que "uma atitude promissora" leva a crer que "estamos andando na direção correta".
A declaração sobre a interrupção do programa nuclear foi lida por um porta-voz na embaixada norte-coreana em Pequim. Horas depois, no entanto, uma segunda declaração acusava os EUA de "comportamento hostil" e lamentava que as negociações não estivessem avançando.
"Abandonaremos nossas armas nucleares quando os EUA abandonarem seu comportamento hostil à Coréia do Norte", diz a segunda declaração. No mesmo texto, os americanos são acusados pelo impasse do encontro.
Altos funcionários norte-americanos consultados pela agência de notícias Associated Press disseram que a Coréia do Norte não tem demonstrado vontade política quanto à proposta dos EUA de submeter-se a um desmantelamento completo e fiscalizado de suas instalações atômicas.
Mesmo assim, os mesmos funcionários disseram que o atual encontro tem sido mais amistoso que o realizado em Pequim em agosto do ano passado.
A China interpretou de forma otimista a intenção norte-coreana. Liu Jianchao, porta-voz da delegação chinesa, disse que seria apenas necessária a discussão de modalidades para a desmontagem das instalações nucleares norte-coreanas.