São Paulo, terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Gabinete iraquiano aprova divisão do petróleo

Projeto, que deve ser sancionado pelo Parlamento, permite a empresas estrangeiras explorar o produto

DA REDAÇÃO

O gabinete iraquiano aprovou ontem um anteprojeto de lei sobre o petróleo, crucial na tentativa de amenizar as tensões sectárias no país. Além de diretrizes para a distribuição da receita do produto, a proposta abre as portas para que empresas estrangeiras explorem a segunda maior reserva petroleira do mundo.
O Parlamento, que está em recesso, deve examinar a proposta em março, mas sua sanção é tida como certa.
Pelo anteprojeto, o petróleo iraquiano continuará pertencendo ao Estado. Mas companhias regionais terão autonomia para assinar seus próprios contratos de prospecção e exploração com empresas estrangeiras. Dos 80 campos de exploração conhecidos no Iraque, 65 serão abertos à licitação.
Washington vinha pressionando o governo do premiê Nuri al Maliki para que aprovasse a lei -o embaixador americano, Zalmay Khalilzad, passou as últimas semanas negociando com líderes curdos para que cedessem nas objeções.
Um dos objetivos era aplacar as tensões sectárias no país.
A questão da distribuição da receita do petróleo é extremamente delicada e fomenta as rixas, pois as reservas do produto estão concentradas no norte -dominado pelos curdos- e no sul -majoritariamente árabe xiita.
Já a minoria árabe sunita, dominante sob o regime de Saddam Hussein (1979-2003) e hoje a peça central da insurgência, vive principalmente nas áreas oeste e central, onde quase não há petróleo.
Os sunitas temiam que, com a maior autonomia regional defendida pela maioria no Parlamento, as Províncias curdas e xiitas passassem a gerir sozinhas sua receita petroleira, tirando-lhes o acesso à principal riqueza do país.
Pela proposta aprovada pelo gabinete, no entanto, a receita será recolhida pelo governo central e redistribuída entre os governos das 18 Províncias iraquianas de acordo com a população de cada uma.
O anteprojeto também cria o Conselho Federal de Petróleo e Gás, que pode vetar contratos que não cumpram determinados padrões, segundo informou ao jornal "The New York Times" o vice-premiê Barham Salih, que presidiu o comitê encarregado de redigir o texto.

Atentado
Um dos vice-presidentes iraquianos, Abdel Abdul-Mahdi, e o ministro das Obras Públicas, Riad Ghareeb, ambos xiitas, foram feridos em um ataque a bomba contra um ministério onde participavam de um ato oficial. Seis pessoas morreram.
Ghareeb foi seriamente ferido, e Abdul-Mahdi sofreu ferimentos leves causados por estilhaços. Nenhum grupo reivindicou a autoria do ataque.
Também ontem, o presidente iraquiano, o curdo Jalal Talabani, estava em visita à Jordânia, para testes médicos com sintomas de desidratação e exaustão extrema.
O gabinete da Presidência disse que a vida de Talabani não estava em risco e negou reportagens de que ele houvesse passado por uma cirurgia cardíaca.


Com agências internacionais e "The New York Times"

Texto Anterior: Um em seis americanos recebe ajuda
Próximo Texto: Venezuela: Prazo para estatização de projetos no Orinoco é ampliado
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.