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CERCO A DITADORES
Juiz de Paris se declara inapto para apreciar acusações de crimes contra a humanidade e narcotráfico
França rejeita processo a Fidel Castro
MARIANA SGARIONI
de Paris
A Justiça de Paris recusou ontem
as três ações que foram apresentadas em janeiro passado contra o
ditador cubano, Fidel Castro. Em
dois casos, Castro estava sendo
acusado de crimes contra a humanidade e, no terceiro, de tráfico de
drogas.
As duas ações por crimes contra
a humanidade são do fotógrafo
francês Pierre Golendorf e do pintor cubano refugiado na França
Lazaro Jordana. Os dois afirmam
terem sido presos em Havana por
motivos políticos entre as décadas
de 70 e 80.
O terceiro processo foi aberto
por Ileana de la Guardia, filha do
general Antonio de la Guardia, antigo funcionário do governo de
Castro, que foi condenado à morte
e fuzilado, em Cuba, em 1989. Ele e
outros três colegas, também mortos por fuzilamento, foram condenados por tráfico de drogas.
Ileana, que vive refugiada na
França, afirma que o processo contra o general teria mascarado o envolvimento do regime castrista no
tráfico de drogas. Ela diz que seu
pai não fez nada mais do que obedecer às ordens de Fidel Castro.
O advogado de Ileana apresentou ao juiz de instrução parisiense
Hervé Stephan uma fita de vídeo
em que um funcionário da Embaixada de Cuba na Colômbia afirma
que o embaixador cubano seria o
representante de Castro junto ao
Cartel de Medellín.
Stephan não aceitou nenhum
dos três processos por entender
que a Justiça de Paris não é competente para julgar as ações. Segundo
ele, Ileana de la Guardia não está
qualificada para o processo, uma
vez que ela "não é vítima direta"
dentro do caso de tráfico de entorpecentes que pretende denunciar.
As três ações foram apresentadas
na Justiça francesa na esteira da
prisão do ex-ditador chileno Augusto Pinochet, detido desde 16 de
outubro em Londres. Se extraditado para a Espanha, como requisita
o juiz espanhol Baltasar Garzón,
ele será processado por crimes relacionados ao regime militar no
Chile (1973-90).
Tráfico e apoio ao Chacal
Uma das testemunhas de acusação contra Fidel foi Juan Antonio
Rodriguez, ex-funcionário do Ministério do Interior de Cuba. Ele
diz que o líder cubano é o responsável por uma rede de narcotráfico
para EUA, França e Holanda.
Castro também teria financiado
ações na Europa de Carlos, o Chacal, o terrorista mais famoso do
mundo, detido na França.
Segundo Rodriguez, um chefe da
espionagem cubano alugou, em
1975, cinco apartamentos em Paris
-três teriam sido postos à disposição de Carlos. Exatamente nessa
época, ocorreu um atentado terrorista atribuído ao Chacal que deixou três mortos na cidade.
"Os serviços de informação de
Cuba organizaram uma rede de
narcotráfico para poder mandar
ajuda aos movimentos de guerrilha na América Central e para financiar suas operações secretas",
afirmou Rodriguez.
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