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AÇÃO MILITAR
Coalizão tenta nova alternativa de cerco a Bagdá, enquanto sofre contra-ataque
Revide faz EUA buscarem opções
RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL
A tempestade de areia não causou apenas uma pausa no avanço
americano. Pode ter sido o principal motivo de os iraquianos terem
contra-atacado com forças mecanizadas -cerca de mil veículos
de tipos variados em torno de
Bagdá-, segundo relatos divulgados ontem pelos correspondentes junto da 3ª Divisão de Infantaria dos EUA.
Se de fato se confirmar que os
iraquianos têm procurado atacar
em massa com veículos de combate, isso significa uma boa notícia para os americanos. Em movimento, eles passam a ser alvos
identificáveis pela aviação dos
EUA, e podem ser atacados longe
de áreas civis.
Mas justamente por isso o contra-ataque estaria acontecendo
agora. A areia impediu os helicópteros Apache de voarem. Também dificultou a localização de alvos pelos caça-bombardeiros.
Mesmo os modernos sistemas de
visão noturna e infravermelho
(detecção de calor) dos veículos
blindados ficam inúteis em meio
da tempestade de areia.
O poder de fogo dos EUA na
ofensiva até Bagdá é altamente
dependente da aviação, que age
como se fosse uma "artilharia
voadora". Em 1991 os EUA só atacaram depois que a aviação destruiu o que imaginavam ser 50%
da capacidade de combate iraquiana (no pós-guerra se descobriu que muito do que fora destruído eram alvos falsos).
É uma tática que pode ser batizada de "abraço de tamanduá".
Em campo aberto, o tamanduá
não tem como vencer uma onça.
Sua única chance seria fincar suas
garras no dorso da onça em um
abraço mortal.
Procurando se aproximar dos
americanos, os iraquianos conseguiriam impedir os EUA de bombardeá-los, dado o risco de atingir
suas próprias tropas (o curiosamente chamado "fogo amigo",
também conhecido como "azul
contra azul", a cor usada nos mapas para representar as forças
próprias -o inimigo fica em vermelho).
A resistência iraquiana não era
de todo imprevista. Praticamente
todos analistas especularam que
na defesa do regime os iraquianos
mais fiéis a Saddam Hussein lutariam.
"Nunca acue um tigre, senão ele
salta sobre você"; "o inimigo tem
sempre três opções, e ele geralmente escolhe a quarta", costumavam dizer os antigos filósofos
chineses da guerra, dos quais Sun
Tzu é o mais famoso -e particularmente bem citado no livrinho
de dois estrategistas americanos
chamado "Choque e Pavor".
Uma correspondente do "The
Washington Post" entrevistou
um piloto de helicóptero Apache,
Lance McElhiney, veterano tanto
da Guerra do Vietnã como da
Guerra do Golfo de 1991. McElhiney foi alvo de tiros de fuzis em 91
e agora de novo no fracassado
ataque em que pelo menos um
helicóptero foi forçado a pousar.
"Você não deve subestimar o
inimigo", disse ele à repórter
Mary Beth Sheridan; "no Vietnã,
nós subestimamos o cara nos arrozais".
O grande problema da estratégia americana foi não ter obtido
bases na Turquia. O plano inicial
previa um avanço em duas frentes: na direção sul a partir da Turquia, na direção norte a partir do
Kuait.
Esse avanço simultâneo diminuiria muito as opções de resistência dos iraquianos, tornando o
cerco de Bagdá bem mais fácil.
Um "cerco" só merece esse nome
se não deixa nenhuma saída para
o adversário.
Na falta de uma força terrestre
grande saída da Turquia, os EUA
começaram agora a procurar opções. Ontem se revelou que cerca
de mil pára-quedistas da 173ª Brigada Aerotransportada foram
lançados sobre uma pista de pouso em território controlado pelos
curdos ao norte do Iraque. De
posse da pista, podem chegar reforços por aviões de transporte.
Mas mesmo o maior deles só pode levar um tanque Abrams por
vez.
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