São Paulo, terça-feira, 27 de março de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

China e Venezuela criam binacionais petrolíferas

Projetos conjuntos, fechados em visita de líder do Partido Comunista chinês, incluem a construção de três refinarias

Objetivo de Chávez é reduzir a médio prazo exportações para os EUA; petróleo ultrapesado venezuelano exige tecnologia especial

FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS

A Venezuela e a China anunciaram a criação de duas empresas binacionais de refino de petróleo e outra de transporte marítimo do produto. Os novos empreendimentos foram acordados por ocasião da visita de três dias de Li Changchun, um dos nove membros do Comitê Central do Partido Comunista, iniciada anteontem à noite.
O objetivo declarado de Chávez é aumentar as vendas para a China para diminuir a dependência econômica dos Estados Unidos, país que é o maior comprador do petróleo venezuelano, mas com o qual o presidente venezuelano vive uma relação conturbada.
Já Pequim vê a Venezuela como um dos principais potenciais fornecedores de petróleo para as necessidades crescentes da economia chinesa, que neste ano deve crescer 10%, segundo projeção do FMI.
"Como poder, a China está subindo, enquanto os Estados Unidos estão descendo", disse Chávez na sexta-feira, após receber uma comitiva preparatória da visita do dirigente chinês.
De acordo com o governo venezuelano, as estatais Corporação de Petróleo da China (CNPC) e a PDVSA construirão uma refinaria na Venezuela dentro de três anos, com capacidade para refinar entre 600 mil e 700 mil barris diários. Outras duas unidades deverão ser construídas na China.
Os projetos buscam resolver os dois principais gargalos para a venda de petróleo venezuelanos ao país asiático: a logística e o refino do óleo ultrapesado venezuelano extraído da faixa do rio Orinoco, de onde deve sair o petróleo para a China. Há sete meses, a CNPC vem realizando prospeções nessa área, ainda pouco explorada.
A viagem de um navio-tanque da Venezuela à China leva em média 50 dias, enquanto para os EUA são apenas sete dias. O longo percurso requer navios-tanque com grande capacidade, frota da qual Caracas não dispõe hoje.
Na semana passada, Chávez estimou que no ano 2012 a Venezuela exportará 1 milhão de barris diários à China, pouco abaixo do que é vendido atualmente aos EUA. Dados preliminares da PDVSA mostram que o mercado americano absorve atualmente 45% do petróleo venezuelano -três anos antes, esse índice chegava a 56%.
No primeiro semestre do ano passado, a China importou apenas 69.600 barris/dia de petróleo bruto. A projeção de Chávez é que neste ano chegue a 500 mil barris diários, número considerado pouco factível por especialistas.

Terras desapropriadas
A Fedecámaras, principal entidade empresarial da Venezuela, pediu a participação do empresariado na política agrária do governo.
"Temos sugerido que, nas unidades de exportação que sofreram intervenção do Estado, devem participar os setores agroprodutor, agrotécnico, que se forma nas universidades", disse o presidente da Fedecámaras, José Luis Betancort, em entrevista.
Anteontem, Chávez comandou a desapropriação de 16 latifúndios em todo o país e disse que essas áreas serão de "propriedade social". Ao todo, foram tomados cerca de 330 mil hectares. O presidente venezuelano, não detalhou como funcionará a propriedade social, se limitando a dizer que a exploração será feita por meio do Estado. Nos próximos dias, deve ficar pronto um projeto de reforma constitucional que incluirá mudanças no conceito de propriedade privada.


Texto Anterior: Colômbia: Comandante nega laços com paramilitares
Próximo Texto: Moscou e Pequim estreitam laços político-econômicos
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.