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China e Venezuela criam binacionais petrolíferas
Projetos conjuntos, fechados em visita de líder do Partido Comunista chinês, incluem a construção de três refinarias
Objetivo de Chávez é reduzir a médio prazo exportações para os EUA; petróleo ultrapesado venezuelano exige tecnologia especial
FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS
A Venezuela e a China anunciaram a criação de duas empresas binacionais de refino de
petróleo e outra de transporte
marítimo do produto. Os novos
empreendimentos foram acordados por ocasião da visita de
três dias de Li Changchun, um
dos nove membros do Comitê
Central do Partido Comunista,
iniciada anteontem à noite.
O objetivo declarado de Chávez é aumentar as vendas para a
China para diminuir a dependência econômica dos Estados
Unidos, país que é o maior
comprador do petróleo venezuelano, mas com o qual o presidente venezuelano vive uma
relação conturbada.
Já Pequim vê a Venezuela como um dos principais potenciais fornecedores de petróleo
para as necessidades crescentes da economia chinesa, que
neste ano deve crescer 10%, segundo projeção do FMI.
"Como poder, a China está
subindo, enquanto os Estados
Unidos estão descendo", disse
Chávez na sexta-feira, após receber uma comitiva preparatória da visita do dirigente chinês.
De acordo com o governo venezuelano, as estatais Corporação de Petróleo da China
(CNPC) e a PDVSA construirão
uma refinaria na Venezuela
dentro de três anos, com capacidade para refinar entre 600
mil e 700 mil barris diários. Outras duas unidades deverão ser
construídas na China.
Os projetos buscam resolver
os dois principais gargalos para
a venda de petróleo venezuelanos ao país asiático: a logística e
o refino do óleo ultrapesado venezuelano extraído da faixa do
rio Orinoco, de onde deve sair o
petróleo para a China. Há sete
meses, a CNPC vem realizando
prospeções nessa área, ainda
pouco explorada.
A viagem de um navio-tanque da Venezuela à China leva
em média 50 dias, enquanto
para os EUA são apenas sete
dias. O longo percurso requer
navios-tanque com grande capacidade, frota da qual Caracas
não dispõe hoje.
Na semana passada, Chávez
estimou que no ano 2012 a Venezuela exportará 1 milhão de
barris diários à China, pouco
abaixo do que é vendido atualmente aos EUA. Dados preliminares da PDVSA mostram que
o mercado americano absorve
atualmente 45% do petróleo
venezuelano -três anos antes,
esse índice chegava a 56%.
No primeiro semestre do ano
passado, a China importou apenas 69.600 barris/dia de petróleo bruto. A projeção de Chávez
é que neste ano chegue a 500
mil barris diários, número considerado pouco factível por especialistas.
Terras desapropriadas
A Fedecámaras, principal entidade empresarial da Venezuela, pediu a participação do
empresariado na política agrária do governo.
"Temos sugerido que, nas
unidades de exportação que sofreram intervenção do Estado,
devem participar os setores
agroprodutor, agrotécnico, que
se forma nas universidades",
disse o presidente da Fedecámaras, José Luis Betancort, em
entrevista.
Anteontem, Chávez comandou a desapropriação de 16 latifúndios em todo o país e disse
que essas áreas serão de "propriedade social". Ao todo, foram tomados cerca de 330 mil
hectares. O presidente venezuelano, não detalhou como
funcionará a propriedade social, se limitando a dizer que a
exploração será feita por meio
do Estado. Nos próximos dias,
deve ficar pronto um projeto de
reforma constitucional que incluirá mudanças no conceito de
propriedade privada.
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