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LEI EUROPÉIA
O texto, cuja versão final será apresentada em menos de um mês, não estipula regras sobre temas controversos
UE publica seu projeto de Constituição
DA REDAÇÃO
A Convenção sobre o Futuro da
Europa (CFE) apresentou ontem
um rascunho do projeto de Constituição da União Européia, cuja
versão definitiva deverá ser apresentada aos líderes dos países-membros da UE na cúpula que ocorrerá em Tessalônica, na Grécia, em menos de um mês. O texto
apresentado não consegue conciliar as profundas diferenças existentes a respeito do projeto.
A CFE, que é presidida pelo ex-presidente francês Valéry Giscard
d'Estaing, não publicou um esboço de todas as partes da Constituição, privilegiando os objetivos e
as instituições da UE. Estes deverão constar da primeira parte da
Constituição, que, segundo analistas, é a mais controversa.
Entre as propostas mais polêmicas estão a criação dos postos de
presidente -eleito indiretamente- do Conselho Europeu, que
seria uma espécie de chefe do Executivo, e de chanceler do bloco. O
presidente teria mandato de dois
anos e meio.
Com isso, a política externa da
UE deverá ser debatida até que seja possível chegar a um "projeto
comum", que deverá ser apoiado
"sem reservas" por todos os países-membros do bloco.
Ao lado do futuro chanceler do
bloco, o Conselho Europeu, composto por chefes de Estado e de
governo e pelo presidente da Comissão Européia, será responsável pela concepção e pela aplicação da política externa e de segurança européia.
Mas as dificuldades européias
em chegar a uma posição comum
sobre a guerra no Iraque mostram que essa tarefa não será fácil.
A França e a Alemanha lideraram
a oposição ao conflito, enquanto
o Reino Unido, a Espanha e a Itália apoiaram os EUA.
Outro ponto controverso diz
respeito à ampliação das votações
em que uma decisão majoritária
poderá ser tomada. Até agora, a
maior parte das decisões do bloco
tem de ser consensual.
A CFE também sugere que a UE
tenha uma "personalidade legal",
o que permitirá que ela assine tratados e seja representada oficialmente em instituições internacionais. Seu texto pede também que
a Carta de Direitos Fundamentais
européia, que inclui questões sociais e trabalhistas, tenha valor legal em todos os países do bloco.
Por outro lado, todas as referências a uma Europa federal foram
abandonadas após acaloradas
discussões entre os membros da
CFE e o governo britânico. O Reino Unido é contrário a um fortalecimento do bloco em detrimento dos países que o compõem.
"Trata-se de um enorme progresso para o Reino Unido. Enterramos de uma vez por todas as fantasias sobre um superpaís europeu com sede em Bruxelas",
afirmou Peter Hain, representante britânico na CFE.
As dificuldades em chegar a uma proposta consensual ficaram
claras. Um capítulo inteiro sobre o modo como a UE será administrada e sobre os processos de tomada de decisão nos diversos órgãos do bloco ficou em aberto
porque os membros da CFE não conseguiram chegar a um acordo.
"Decidimos deixar isso para um outro estágio. O texto ainda não
está pronto e será bastante debatido", afirmou Nikolaus Meyer-Landrut, porta-voz da CFE.
O texto apresentado ontem faz parte dos esforços da UE para
preparar-se para acolher dez novos membros a partir de maio de
2004. Ele marca o fim de mais de um ano de trabalho do órgão, que
foi criado especialmente para conceber a Constituição européia
e conta com 105 membros.
Entre eles estão ministros dos
países da UE, deputados europeus, deputados nacionais e
membros da Comissão Européia.
Inúmeros representantes da sociedade civil européia também foram ouvidos pela CFE.
O esboço contém cerca de 3.000 emendas. A criação do presidente
do Conselho Europeu tem como objetivo substituir a atual rotatividade da presidência da UE. O problema é que países pequenos temem que ela mine seu poder. Gijs de Vries, que representa a Holanda na CFE, disse que esse ponto
"poderá minar a força" da UE.
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