São Paulo, quinta-feira, 27 de maio de 2004

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IRAQUE OCUPADO

Conselho iraquiano vê na proposta de Bush "desperdício de recursos'; "Times" diz que tortura estava disseminada

Iraquianos não querem demolir Abu Ghraib

DA REDAÇÃO

O atual presidente do Conselho de Governo Iraquiano disse ontem que a idéia americana de demolir a prisão de Abu Ghraib -cenário de torturas cometidas pela ditadura de Saddam Hussein e por soldados americanos- é um "desperdício de recursos".
A idéia foi apresentada segunda-feira pelo presidente George W. Bush, que disse que os EUA demoliriam Abu Ghraib "com a aprovação do governo iraquiano" e em seu lugar construiriam uma prisão de segurança máxima "como símbolo de um recomeço".
Mas Ghazi Mashal Ajil al Yawer ressaltou que o complexo penitenciário não foi o único palco de torturas no país: "Não devemos ser sentimentais. Em qualquer buraco do Iraque houve tortura. Como conselho de governo, não concordamos com a demolição, e o assunto deve ser passado ao governo interino" em 30 de junho.
Al Yawer não foi o único iraquiano a minimizar a proposta. Ahmed Hassan al Uqaili, vice-chefe da Organização de Direitos Humanos do Iraque, disse que a idéia era uma manobra para "vencer as eleições nos EUA". Já o ministro do Interior, Samir Shaker Mahmoud al Sumeidi, afirmou que via na proposta o desejo de Bush "de remover a mancha" do "escândalo da tortura".
O jornal "The New York Times" publicou trechos de um relatório de 5 de maio do Exército segundo o qual os casos de tortura e maus-tratos por soldados dos EUA são mais disseminados do que foi dito, indicando um padrão. No Iraque, eles remontam a 15 de abril de 2003 -cinco dias após a queda de Saddam. O último ocorreu no mês passado.
As informações já haviam sido divulgadas. Washington alega que os abusos se restringem a um grupo de guardas em Abu Ghraib.
Entre os casos citados no texto, há agressões sexuais e morte por causas não elucidadas.

Najaf
Combates entre as forças americanas e a milícia leal ao clérigo radical xiita Moqtada al Sadr deixaram ao menos nove mortos em uma ação noturna em Najaf, cidade sagrada para os xiitas.
Na operação, os EUA prenderam Riyadh al Nourio, cunhado de Al Sadr e um dos líderes de sua milícia, pela morte do clérigo Abdul Majid al Khoei em abril de 2003. Os EUA disseram que ele será entregue a autoridades locais.
Segundo o assessor de segurança da administração iraquiana, Mouwafak al Rubaie, a baixa levou Al Sadr a propor retirar de Najaf seus seguidores que não vivem na cidade -mas exigiu que os EUA retirassem suas tropas.
Ontem à noite, fontes do governo americano disseram que Al Sadr teria aceito encerrar os combates em três cidades iraquianas.
Também ontem, dois civis russos que trabalhavam na reconstrução foram mortos em uma emboscada em Bagdá, e cinco iraquianos morreram quando uma bomba improvisada explodiu em Baquba.


Com agências internacionais

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