São Paulo, quinta-feira, 27 de maio de 2004

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Blair recua e concorda com os EUA

DA REDAÇÃO

O premiê britânico, Tony Blair, voltou atrás em suas afirmações sobre o poder de veto que o governo interino iraquiano teria sobre as forças multinacionais no país, a fim de alinhá-las ao discurso dos EUA e pôr fim à interpretação de que haveria divergências.
"Ambos concordamos totalmente que deve haver uma completa transferência de soberania ao povo iraquiano e que as forças multinacionais devem permanecer sob controle americano", declarou Blair no Parlamento. "As decisões políticas e estratégicas passarão para o governo iraquiano após 30 de junho. Uma vez tomadas as decisões estratégicas, a condução de qualquer operação caberá às forças militares e aos comandantes dessas forças."
Na véspera, o premiê dissera que, caso "houvesse uma decisão política a ser tomada" sobre uma determinada ação das forças multinacionais, esta teria de contar "com o consentimento do governo iraquiano". Já o secretário de Estado americano, Colin Powell, afirmara que, embora a opinião do governo iraquiano fosse levada em conta, as decisões, em última instância, caberiam aos EUA.

Mudanças propostas
A coordenação das tropas após a transição política no Iraque é o vértice do debate na ONU. Ontem China, Rússia, França e Alemanha -os três primeiros com direito a veto no Conselho de Segurança- sugeriram mudanças na proposta de resolução submetida por Londres e Washington.
Em um documento de três páginas enviado pela China e apoiado pelos demais, obtido pela agência de notícias Associated Press, o grupo propõe que o mandato das forças multinacionais seja de seis meses (até janeiro de 2005) e esteja sujeito à aprovação do governo interino. Além disso, estabelece que as forças "consultem o governo interino a respeito de ações militares, exceto no caso de autodefesa" e dá aos iraquianos o controle de seu Exército e sua polícia.
Na versão anglo-americana, não há previsão para a permanência das forças multinacionais. O texto também diz apenas que elas serão comandadas pelos EUA e trabalharão "em coordenação como o governo interino", sem esclarecer de quem é a palavra final.
Também ontem, Fred Eckhard, porta-voz do secretário-geral, Kofi Annan, disse que os rumores sobre o futuro premiê iraquiano são "mera especulação" e "não favorecem o processo político".
O jornal "The Washington Post" citou o cientista nuclear xiita Hussain Shahristani como favorito para ocupar o posto. Mas Shahristani, que na véspera dissera que aceitaria o posto "com relutância" se convidado, declarou, por meio da ONU, que prefere "servir seu país de outra forma".


Com agências internacionais

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