São Paulo, quinta-feira, 27 de maio de 2004

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"NYT" faz mea-culpa sobre sua cobertura

DA REDAÇÃO

O "New York Times" publicou ontem um mea-culpa em que critica a sua própria cobertura do Iraque, afirmando que deveria ter sido mais cético em relação às informações passadas por dissidentes do regime do ditador deposto Saddam Hussein.
Em texto assinado "pelos editores", o jornal disse ter descoberto "situações em que não foi tão rigoroso quanto deveria ter sido". "Em alguns casos, informação que parecia controversa à época, e que parece questionável agora, foi qualificada de maneira insuficiente ou não recebeu confrontação. Olhando para trás, gostaríamos de ter sido mais agressivos no reexame das afirmações [feitas pelas fontes] à medida que novas evidências surgiam ou deixavam de surgir."
Uma das fontes que o "NYT" usou é Ahmad Chalabi, um dos mais proeminentes dissidentes de Saddam. O Pentágono considerou por muito tempo Chalabi como um possível substituto de Saddam, mas o iraquiano caiu em desgraça junto ao governo americano, que o acusa de ter passado aos iranianos informações sobre a ocupação. Nos últimos dez dias, forças americanas e iraquianas vasculharam sua casa, e o governo dos EUA suspendeu um auxílio de US$ 340 mil mensais ao Congresso Nacional Iraquiano, grupo liderado pelo ex-aliado.
"Autoridades do governo agora reconhecem que algumas vezes acreditaram em informações erradas dessas fontes exiladas. O mesmo fizeram muitas organizações da imprensa -esta, particularmente", disse o jornal, que ainda revelou usar Chalabi como fonte desde 1991.
Sem citar nominalmente nenhum jornalista, o diário listou, entre as causas das falhas, o fato de que editores, "de vários níveis", que deveriam ter pressionado repórteres para serem mais céticos, estavam "talvez muito determinados em conseguir furos para o jornal".


Com agências internacionais


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