São Paulo, quinta-feira, 27 de julho de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Conferência fracassa após veto americano ao cessar-fogo imediato

DA REDAÇÃO

Terminou sem acordo a conferência internacional realizada ontem em Roma para encontrar uma saída diplomática às operações militares dos israelenses no Líbano. A secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, vetou a exigência de um imediato cessar-fogo.
Participaram do encontro ministros das Relações Exteriores de 14 países, o primeiro-ministro libanês, Fouad Siniora, o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, e mais a União Européia e o Banco Mundial.
Israel, a Síria e o Irã, países diretamente envolvidos no conflito, não foram convidados.
O encontro, a portas fechadas na sede do Ministério do Exterior italiano, foi co-presidido por Rice e pelo ministro italiano Massimo D"Alema. As discussões foram tensas, diante do aparente esforço americano de impedir o fim imediato das hostilidades, para não prejudicar o plano israelense de neutralizar militarmente o Hizbollah. Rice ainda condicionava o cessar-fogo à soltura dos dois soldados israelenses seqüestrados pelo grupo islâmico.
A secretária de Estado, segundo o "New York Times", paralisou o encontro por duas horas, ao se opor ao esboço da declaração, com o compromisso de "trabalhar na direção de um cessar-fogo imediato". Prevaleceu a posição americana, com um apelo para "trabalhar imediatamente na direção de um cessar-fogo".
O Oriente Médio, disse Rice, "tem um longo histórico de adoções de cessar-fogo que não foram cumpridas".
Pouco depois, em entrevista coletiva, ela afirmou que seu país desejava pôr fim às hostilidades, mas que para tanto a solução deveria ser "sustentável".
Posição contrária, a de um cessar-fogo já agora, para a posterior discussão de questões pendentes, foi defendida por Kofi Annan e pelos ministros italiano, D'Alema, e francês, Philippe Douste-Blazy.
O secretário-geral da ONU sugeriu que a Síria e o Irã participassem das negociações. Mas Rice denunciou o papel dos dois países da região.
Os participantes tiveram um momento de real comoção, diz o "New York Times", quando o primeiro-ministro libanês fez seu longo pronunciamento.
Disse que a guerra "corta em pedaços" seu pequeno país. Perguntou se o Deus dos libaneses era menos importante o dos ocidentais, para que seu povo sofresse daquele jeito.
A conferência também afirmou que forças internacionais seriam estacionadas no sul do Líbano. Mas não definiu quais países participariam dela. Por sugestão da França e da Alemanha, firmou-se o princípio de que seriam comandadas pelas Nações Unidas e não pela Otan, a aliança militar ocidental.
Em meio à constatação de malogro, o chefe da diplomacia finlandesa, Erkki Tuomioja, declarou que os participantes "concordaram no que poderiam concordar", mas que a União Européia foi vencida pelos Estados Unidos em seu plano de cessar-fogo imediato.
Um dos assessores de Rice negou que a secretária de Estado tivesse ficado isolada e afirmou que o encontro não tinha por objetivo a decretação de um cessar-fogo. A Casa Branca, em Washington, reiterou a mesma posição.


Com agências internacionais

Texto Anterior: Análise: EUA têm de falar a sério com a Síria
Próximo Texto: Guerra no Oriente Médio: Hizbollah mata 9 em emboscada
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.