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Conferência fracassa após veto americano ao cessar-fogo imediato
DA REDAÇÃO
Terminou sem acordo a conferência internacional realizada ontem em Roma para encontrar uma saída diplomática
às operações militares dos israelenses no Líbano. A secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, vetou a exigência de um imediato cessar-fogo.
Participaram do encontro
ministros das Relações Exteriores de 14 países, o primeiro-ministro libanês, Fouad Siniora, o secretário-geral da ONU,
Kofi Annan, e mais a União Européia e o Banco Mundial.
Israel, a Síria e o Irã, países
diretamente envolvidos no
conflito, não foram convidados.
O encontro, a portas fechadas na sede do Ministério do
Exterior italiano, foi co-presidido por Rice e pelo ministro
italiano Massimo D"Alema. As
discussões foram tensas, diante
do aparente esforço americano
de impedir o fim imediato das
hostilidades, para não prejudicar o plano israelense de neutralizar militarmente o Hizbollah. Rice ainda condicionava o
cessar-fogo à soltura dos dois
soldados israelenses seqüestrados pelo grupo islâmico.
A secretária de Estado, segundo o "New York Times", paralisou o encontro por duas horas, ao se opor ao esboço da declaração, com o compromisso
de "trabalhar na direção de um
cessar-fogo imediato". Prevaleceu a posição americana, com
um apelo para "trabalhar imediatamente na direção de um
cessar-fogo".
O Oriente Médio, disse Rice,
"tem um longo histórico de
adoções de cessar-fogo que não
foram cumpridas".
Pouco depois, em entrevista
coletiva, ela afirmou que seu
país desejava pôr fim às hostilidades, mas que para tanto a solução deveria ser "sustentável".
Posição contrária, a de um
cessar-fogo já agora, para a posterior discussão de questões
pendentes, foi defendida por
Kofi Annan e pelos ministros
italiano, D'Alema, e francês,
Philippe Douste-Blazy.
O secretário-geral da ONU
sugeriu que a Síria e o Irã participassem das negociações. Mas
Rice denunciou o papel dos
dois países da região.
Os participantes tiveram um
momento de real comoção, diz
o "New York Times", quando o
primeiro-ministro libanês fez
seu longo pronunciamento.
Disse que a guerra "corta em
pedaços" seu pequeno país.
Perguntou se o Deus dos libaneses era menos importante o
dos ocidentais, para que seu povo sofresse daquele jeito.
A conferência também afirmou que forças internacionais
seriam estacionadas no sul do
Líbano. Mas não definiu quais
países participariam dela. Por
sugestão da França e da Alemanha, firmou-se o princípio de
que seriam comandadas pelas
Nações Unidas e não pela Otan,
a aliança militar ocidental.
Em meio à constatação de
malogro, o chefe da diplomacia
finlandesa, Erkki Tuomioja,
declarou que os participantes
"concordaram no que poderiam concordar", mas que a
União Européia foi vencida pelos Estados Unidos em seu plano de cessar-fogo imediato.
Um dos assessores de Rice
negou que a secretária de Estado tivesse ficado isolada e afirmou que o encontro não tinha
por objetivo a decretação de
um cessar-fogo. A Casa Branca,
em Washington, reiterou a
mesma posição.
Com agências internacionais
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