São Paulo, quarta, 27 de agosto de 1997.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FIM DE ERA
De Klerk, que comandou extinção do apartheid, sai da liderança de partido
Líder branco da transição sul-africana deixa política

das agências internacionais

O último presidente branco sul-africano, Frederik Willem de Klerk, deixou a liderança de seu partido e a política.
De Klerk, 61, era líder do Partido Nacional (PN), o grupo conservador branco que instituiu, na década de 40, e sustentou, até o início dos 90, o apartheid (regime de segregação racial) na África do Sul.
De Klerk disse que deixava o partido pelo bem da legenda e do país, para permitir que o PN inicie uma nova fase e rejuvenesça.
"Espero que a África do Sul não se esqueça do papel desempenhado por Frederik de Klerk na efetivação de uma transição tranquila", afirmou o presidente Nelson Mandela.
O conservador Hernus Kriel, premiê da Província do Cabo Ocidental e ex-ministro de Polícia, é visto como o mais forte sucessor de De Klerk no partido. Outro concorrente é Marthinus van Schasldwyk, secretário-executivo do partido. Schasldwyk foi trazido à agremiação por De Klerk.
O Conselho Federal do partido, que reúne 110 membros, deve escolher no próximo dia 9 de setembro o seu novo líder.
Trajetória
De Klerk tornou-se presidente em 1989, após desbancar a liderança de Pieter Botha no PN. No ano seguinte, começou reformas que desembocaram na transição relativamente pacífica para o regime formalmente igualitário que vige atualmente.
Em 1990, De Klerk libertou Mandela -preso havia 27 anos por oposição ao apartheid. Quatro anos depois, completou a transição com eleições gerais vencidas pelo Congresso Nacional Africano (CNA), de maioria negra.
Sua iniciativa lhe valeu o Prêmio Nobel da Paz de 1993, compartilhado com seu sucessor.
De Klerk começou como parlamentar em 1972. Ele foi ministro da Educação sob o apartheid. Com a democratização, virou vice-presidente no governo de unidade nacional provisório de Mandela.
O PN, na oposição desde que deixou a coalizão em 1996, busca se adaptar às regras de uma política não-racial. O partido, porém, tem tido problemas para apagar seu passado opressor.
A popularidade do PN (que tem 82 das 400 cadeiras no Parlamento) vem caindo nos últimos anos. Em 1994, o partido era apoiado por 20% da população. Neste ano, o número caiu para 14%.
Membros progressistas deixaram o PN por não acreditar em seu discurso multirracial. Conservadores o abandonaram pela razão oposta -por acharem que o PN cedeu demais aos negros.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice



Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita do Universo Online ou do detentor do copyright.