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Diplomata não queria ir para o Iraque, diz mãe
JULIANA RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO
O brasileiro Sérgio Vieira de
Mello não queria assumir o comando da missão da ONU (Organização das Nações Unidas) no
Iraque. A afirmação foi feita ontem pela mãe do diplomata, Gilda
Vieira de Mello, 85, em sua primeira entrevista desde o atentado
que matou seu filho, na terça-feira
passada, em Bagdá.
"Ele dizia: "Mamãe, eu não quero ir para o Iraque'", disse. "Ele
havia sido nomeado oito meses
antes para o cargo de alto comissário para Direito Humanos. Ele
já estava muito entrosado com o
trabalho e queria continuar [na
função]", acrescentou.
Segundo Gilda, Vieira de Mello
já havia alertado a ONU sobre as
emboscadas contra os soldados
americanos no país e lutava para
estabelecer um "governo de base"
iraquiano. "Ele pretendia fazer o
que fazia sempre: visitar todas as
cidades para comunicar que estava lá para ajudar. E pedia o tempo
todo que fosse formado um governo de base com iraquianos, e
não com estrangeiros. Mas isso
era muito difícil", disse.
A mãe do diplomata contou
ainda que recebeu centenas de
mensagens e cartas de apoio após
a morte do filho. Entre as pessoas
que enviaram cartas está o secretário-geral da ONU, Kofi Annan.
Ela disse que ainda não teve coragem de ler essas mensagens.
Emocionada, afirmou ter pressentido a morte do filho dois dias
antes do atentado em Bagdá, ao
ler sua última entrevista (ao "Jornal do Brasil").
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