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Perto da morte, brasileiro falou da família e perguntou de colegas
DA ASSOCIATED PRESS
Em seus últimos momentos de
vida, preso nos escombros da sede da ONU em Bagdá, o diplomata brasileiro Sérgio Vieira de Mello, chefe da missão no Iraque,
contou sobre sua família e sua casa no Brasil ao militar americano
que tentava resgatá-lo e perguntou como estavam os funcionários que trabalhavam com ele.
"Como está todo mundo?
Quantas pessoas se feriram? Você
pode me contar o que ocorreu?",
lembra o primeiro sargento William von Zehle, 52, de ouvir o diplomata perguntar. "Eu pensava:
ele está numa condição de ferido e
ainda pensa nas outras pessoas."
Vieira de Mello também fez um
pedido ao militar da reserva, que
acha que poderia tê-lo salvado se
estivesse com os equipamentos
adequados. "Não deixe que acabem com a representação da
ONU."
Essas revelações fazem parte de
uma carta que Von Zehle encaminhou à ONU em Bagdá com o relato do que ouviu do diplomata
nos últimos momentos de vida.
Ao saber, depois, quem ele havia tentado resgatar, o sargento
achou que tinha a "obrigação moral" de contar ao secretário-geral
da ONU, Kofi Annan, e à família
de Viera de Mello quais haviam
sido suas últimas palavras. "Achei
que gostariam de saber o cavalheiro que havia sido até o final."
Von Zehle escreveu uma carta
de uma página, mas não quis revelar mais detalhes do que contou. Ele disse que, se fizesse isso,
trairia a confiança do diplomata.
Num ato no aeroporto de Bagdá
na sexta-feira, o diretor do programa da ONU Petróleo por Comida, Benon Sevan, se referiu à
carta, especificamente ao trecho
em que Vieira de Mello pede que a
ONU siga seu trabalho no Iraque.
No velório no Rio, Annan fez o
mesmo, dizendo que havia sido
um dos últimos pedidos do diplomata: "Vamos respeitar isso".
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