UOL


São Paulo, segunda-feira, 27 de outubro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Powell diz que os americanos não contavam com tanta hostilidade

DA REDAÇÃO

O secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, disse ontem que o país não esperava que os atos de hostilidade à presença americana no Iraque "fossem tão intensos e tão prolongados".
Ele participou pela manhã de um debate da rede de televisão NBC e, comentando o ataque ao hotel de Bagdá que hospedava Paul Wolfowitz, o número dois do Pentágono, afirmou que os Estados Unidos sempre se esforçaram para manter a segurança naquele país sob controle.
"Estamos nesse quadro de insurgentes, em que as pessoas atacam e em seguida fogem, numa situação por vezes difícil", disse.
O administrador civil no Iraque, Paul Bremer, que se encontra nos Estados Unidos para consultas, declarou que as forças que se opõem à presença militar estrangeira "aparentemente estão cada vez mais organizadas" e contam com terroristas recrutados em organizações como a Al Qaeda.
Bremer disse também ter dado ordens para que se fizesse uma investigação minuciosa sobre as razões da vulnerabilidade do hotel Rashid, atingido por mísseis.
Afirmou ainda não ter decidido se retiraria do Rashid as centenas de funcionários da administração civil que trabalham no Iraque sob suas ordens. Reiterou que a segurança dessas pessoas é uma prioridade.
Entrevistado pelo canal Fox News, Bremer também declarou acreditar que o ditador deposto Saddam Hussein esteja vivo e se encontre dentro do Iraque. "Sua captura terá um efeito positivo, porque sinalizará que não há a possibilidade de um retorno ao passado", disse ele.

Conflito politizado
O senador Joseph Lieberman, pré-candidato à Presidência pelo Partido Democrata, disse ontem que o atentado de Bagdá demonstrou a existência de falhas importantes na política da administração Bush para o Iraque. "O governo está confuso nessa diplomacia unilateral, que nos afastou de nossos tradicionais aliados, e não conseguiu até agora definir o que queremos fazer no Iraque pós-Saddam", disse o senador.
O atentado de ontem deve relançar no Partido Republicano e no Congresso o debate sobre as indefinições da estratégia iraquiana de Bush e poderá, em última instância, ameaçar os planos do presidente de se reeleger.
Há insatisfação, entre os governistas, com Donald Rumsfeld, secretário da Defesa. "Ele é agora um fardo para os republicanos", afirmou Michael O"Hanlon, analista para questões de defesa do Brookings Institute. O Iraque é, a seu ver, o ponto nevrálgico do projeto de Bush de ganhar novo mandato presidencial.
Rumsfeld teve seu poder recentemente diminuído quando Bush designou Condoleezza Rice, assessora de Segurança Nacional da Casa Branca, como coordenadora das políticas americanas no Iraque e no Afeganistão.
Um especialista em conflitos internos dos republicanos disse à Reuters que Rumsfeld dificilmente seria substituído agora -mas, caso se eleja para um novo mandato, Bush não o manteria na chefia do Pentágono.


Com agências internacionais


Texto Anterior: Quem é: Wolfowitz foi o arquiteto da Guerra do Iraque
Próximo Texto: Tudo na cidade passa bem antes pelo Rashid
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.