São Paulo, quarta-feira, 27 de outubro de 2004

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Colonos e religiosos insistem em referendo

DA REDAÇÃO

Colonos judeus e grupos extremistas judaicos, além de outros opositores ao plano de retirada de Gaza, voltaram a defender o referendo e insistiram mais uma vez em que o premiê israelense, Ariel Sharon, é um traidor.
Segundo a rede de TV CNN, 60 rabinos israelenses voltaram a pedir ontem que soldados contrários ao desmantelamento dos assentamentos se recusem a acatar ordens se seus superiores.
O Conselho Yesha de colonos disse: "Sharon não pode continuar usando uma pressão brutal e o apoio da extrema esquerda. Estamos certos de que, no referendo, seria vista a profunda oposição a esse plano desastroso".
Avi Frahan, líder dos colonos em Gaza, disse estar "desapontado" com a decisão do Knesset e que continuará fazendo campanha contra a retirada das colônias e a favor de um referendo.
Mais duro, o líder do partido pró-colonos União Nacional, Aryeh Eldad, afirmou que "Sharon venceu, mas foi uma vitória de Pirro. Os dias dele como premiê de Israel estão contados".
Diante do Knesset, em Jerusalém, manifestantes também atacaram Sharon. "Eu vim até aqui para mostrar aos israelenses que Gaza é nossa terra e a minha casa. Nenhuma força na terra pode me tirar de lá", disse David Pinipnta, 31, do assentamento de Neve Dekalim, em Gaza.
Pôsteres tinham dizeres como "Sharon está desengatado da realidade" e "a retirada dos assentamentos é um vitória do terror".
No dia anterior, simpatizantes de Sharon conseguiram reunir milhares de pessoas no mesmo lugar para declarar apoio ao plano de retirada de Gaza.

Palestinos
Os palestinos, que estiveram completamente afastados de qualquer debate sobre a retirada de Gaza, afirmaram ontem, por meio do ministro Saeb Erekat, que, "se fossem sérios sobre a paz, os israelenses deveriam voltar para a mesa de negociação para implementar o "roteiro da paz" [plano patrocinado pelos EUA]. A saída de Gaza deve ser uma parte do "roteiro da paz", não uma alternativa a ele". Os palestinos afirmam que a saída de Gaza tem como objetivo a consolidação da presença de Israel na Cisjordânia.
Os grupos terroristas palestinos aproveitaram a oportunidade para tentar vender a idéia de que Israel desocupará a faixa de Gaza após uma suposta derrota militar.
"A aprovação do plano de Sharon é uma grande conquista da resistência palestina, que conseguiu fazer que o inimigo sionista decidisse deixar Gaza", disse o Hamas em comunicado.

EUA
O Departamento de Estado dos EUA celebrou o resultado da votação como um passo na direção da paz com os palestinos. "Consideramos o plano de retirada uma oportunidade para avançar [em direção a paz], o que é interessante para os dois lados", disse o porta-voz Adam Ereli.


Com agências internacionais


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