São Paulo, quarta-feira, 27 de outubro de 2004

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Premiê iraquiano acusa EUA de "negligência"

DA REDAÇÃO

O premiê interino iraquiano, Iyad Allawi, disse ontem que uma "grande negligência" da coalizão liderada por Washington causou a morte de 49 soldados iraquianos no fim de semana passado.
Num dos piores ataques às forças de segurança iraquianas, os recrutas desarmados, que voltavam para casa para gozar de sua licença, foram mortos com tiros na nuca após serem parados por homens disfarçados de policiais.
"Cremos que isso tenha sido resultado de uma grande negligência por parte de alguns elementos da força multinacional", disse Allawi ao Conselho Nacional.
Abu Musab al Zarqawi, ligado à Al Qaeda, assumiu a responsabilidade pelo ataque.
O ministro de Estado para assuntos de segurança nacional do Iraque, Kassim Daoud, amenizou o tom das críticas mais tarde, dizendo que o governo não atribuíra a culpa a ninguém, mas esperava o resultado de uma investigação sobre o episódio.
Uma declaração da força multinacional liderada pelos EUA culpou terroristas: "Esse foi um massacre calculado e a sangue-frio por terroristas. Eles, e ninguém mais, devem responder integralmente por esses atos hediondos".
Horas depois do pronunciamento de Allawi, um grupo rebelde iraquiano afirmou ter seqüestrado 11 membros da Guarda Nacional iraquiana e colocou suas fotos em uma página da internet.
"Capturamos 11 dos apóstatas", afirmou o Exército de Ansar al Sunna em declaração com data de 21 de outubro. A autenticidade da declaração e das fotos não pôde ser verificada imediatamente.
O Ministério do Interior iraquiano disse que não tinha informações sobre os seqüestros.
O governo interino do Iraque enfrenta a difícil tarefa de conter ataques rebeldes cada vez mais constantes com forças de segurança que não conseguem proteger nem a si mesmas.
Em Washington, funcionários do governo americano afirmaram que o Pentágono está considerando a possibilidade de atrasar a partida de alguns soldados no Iraque e adiantar a chegada de outros para reforçar a segurança para as eleições de janeiro.
Além disso, funcionários da Casa Branca disseram que o presidente George W. Bush planeja, se reeleito, pedir ao Congresso no começo de 2005 um fundo emergencial de US$ 60 bilhões a US$ 75 bilhões para custear as despesas militares no Iraque e no Afeganistão. Caso o valor máximo seja aprovado, os gastos militares e de reconstrução nos dois países chegarão a US$ 280 bilhões.
Antes da invasão, em março de 2003, o subsecretário da Defesa, Paul Wolfowitz, disse ao Congresso: "Estamos lidando com um país que realmente pode financiar sua própria reconstrução, e em relativamente pouco tempo".
No Reino Unido, pesquisa publicada no jornal "The Guardian" revelou que 61% dos britânicos se opõem à decisão do premiê Tony Blair de mover soldados a Bagdá, conforme pedido dos EUA.


Com agências internacionais


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