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Cúpula de Annapolis deve ter declaração conjunta
Possibilidade de acordo israelo-palestino sobre texto comum causa otimismo
Olmert e Abbas seriam recebidos por Bush e Condoleezza em jantar no Departamento de Estado; líderes se reúnem hoje
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
A conferência de paz que
acontece hoje em Annapolis,
no Estado de Maryland, deve
terminar com uma declaração
conjunta de intenções assinada
pelo premiê de Israel, Ehud Olmert, e o líder da Autoridade
Palestina, Mahmoud Abbas.
A informação é de um assessor direto do palestino e está
sendo encarada com otimismo
pelos que duvidavam de resultados mais concretos da reunião patrocinada pelos EUA.
Até anteontem, os dois lados
ameaçavam soltar documentos
diferentes. A falta de um acordo
já no plano de intenções colocava em questão a eficácia da
reunião antes mesmo de sua
realização. "Vamos chegar a um
documento em comum hoje
[segunda-feira] ou amanhã",
disse Yasser Abed Rabbo, assessor de Abbas. "Há um esforço persistente dos americanos
para que essa declaração saia."
Em entrevista pela manhã,
Sean McCormack, porta-voz
do Departamento de Estado
dos EUA, havia dito que ambos
os lados "estão convergindo"
para uma declaração conjunta.
"Há várias razões pelas quais
Annapolis é importante", disse;
entre elas o documento. Para
ele, no entanto, o encontro na
capital do Estado vizinho de
Maryland é "menos um ponto
final que um ponto de partida
para as negociações".
Pré-Annapolis
Olmert e Abbas foram recebidos pelo presidente George
W. Bush ontem e se reuniram à
noite em jantar no Departamento de Estado, numa espécie
de "pré-Annapolis". Participaram do encontro também enviados dos cerca de 50 países
convidados à reunião de hoje,
entre eles o Brasil, representado pelo chanceler Celso Amorim (leia texto abaixo).
Na abertura do jantar, o presidente norte-americano disse
que o acordo exigiria "compromissos difíceis". "Nós nos reunimos nessa semana porque dividimos uma meta comum:
dois Estados democráticos, Israel e Palestina, vivendo lado a
lado em paz e segurança. Atingir essa meta exigirá compromissos difíceis, e os israelenses
e palestinos elegeram líderes
que se comprometeram a fazê-los."
Antes, nas declarações iniciais à imprensa, Abbas, Bush e
Olmert se esforçavam na demonstração de otimismo. O
primeiro a ser recebido foi o israelense. Depois de dizer que
pretendia continuar o "diálogo
sério" para determinar se a paz
"é ou não possível", o presidente norte-americano afirmou:
"Estou otimista, sei que você
está otimista e agradeço por
sua coragem e sua amizade".
A Abbas agradeceria por ele
"trabalhar duro para implantar
uma visão do Estado palestino"
e diria que os EUA não imporiam sua própria visão, mas poderiam ajudar na mediação. O
palestino respondeu que espera que a conferência "produza
uma negociação ampliada a todos os temas relacionados com
nosso status permanente", o
que levaria "a um acordo de paz
entre Israel e o povo palestino".
Antes, Olmert havia anunciado que seu governo se reuniria
com os palestinos em Jerusalém para trabalhar em algo "para dar esperança para nossos
povos": "Dessa vez é diferente,
porque teremos muita participação no que eu espero que seja
o lançamento de um processo
verdadeiro de negociação entre
nós e os palestinos". Ele se referia à presença de outros países
árabes na conferência, num total de 16. A Síria confirmou participação na última hora.
Indagado sobre a ausência do
Irã, Sean McCormack disse: "A
lista de países participantes é
muito interessante também
pelas ausências".
Depois, citaria pelo nome:
"Hamas, Hizbollah, Irã, todos
os que vieram a público dizer
que eles não gostam da idéia da
conferência e que ela será um
fracasso. Interessante serem os
únicos a dizer isso".
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