São Paulo, terça-feira, 27 de novembro de 2007

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Cúpula de Annapolis deve ter declaração conjunta

Possibilidade de acordo israelo-palestino sobre texto comum causa otimismo

Olmert e Abbas seriam recebidos por Bush e Condoleezza em jantar no Departamento de Estado; líderes se reúnem hoje

SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON

A conferência de paz que acontece hoje em Annapolis, no Estado de Maryland, deve terminar com uma declaração conjunta de intenções assinada pelo premiê de Israel, Ehud Olmert, e o líder da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas.
A informação é de um assessor direto do palestino e está sendo encarada com otimismo pelos que duvidavam de resultados mais concretos da reunião patrocinada pelos EUA.
Até anteontem, os dois lados ameaçavam soltar documentos diferentes. A falta de um acordo já no plano de intenções colocava em questão a eficácia da reunião antes mesmo de sua realização. "Vamos chegar a um documento em comum hoje [segunda-feira] ou amanhã", disse Yasser Abed Rabbo, assessor de Abbas. "Há um esforço persistente dos americanos para que essa declaração saia."
Em entrevista pela manhã, Sean McCormack, porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, havia dito que ambos os lados "estão convergindo" para uma declaração conjunta. "Há várias razões pelas quais Annapolis é importante", disse; entre elas o documento. Para ele, no entanto, o encontro na capital do Estado vizinho de Maryland é "menos um ponto final que um ponto de partida para as negociações".

Pré-Annapolis
Olmert e Abbas foram recebidos pelo presidente George W. Bush ontem e se reuniram à noite em jantar no Departamento de Estado, numa espécie de "pré-Annapolis". Participaram do encontro também enviados dos cerca de 50 países convidados à reunião de hoje, entre eles o Brasil, representado pelo chanceler Celso Amorim (leia texto abaixo).
Na abertura do jantar, o presidente norte-americano disse que o acordo exigiria "compromissos difíceis". "Nós nos reunimos nessa semana porque dividimos uma meta comum: dois Estados democráticos, Israel e Palestina, vivendo lado a lado em paz e segurança. Atingir essa meta exigirá compromissos difíceis, e os israelenses e palestinos elegeram líderes que se comprometeram a fazê-los."
Antes, nas declarações iniciais à imprensa, Abbas, Bush e Olmert se esforçavam na demonstração de otimismo. O primeiro a ser recebido foi o israelense. Depois de dizer que pretendia continuar o "diálogo sério" para determinar se a paz "é ou não possível", o presidente norte-americano afirmou: "Estou otimista, sei que você está otimista e agradeço por sua coragem e sua amizade".
A Abbas agradeceria por ele "trabalhar duro para implantar uma visão do Estado palestino" e diria que os EUA não imporiam sua própria visão, mas poderiam ajudar na mediação. O palestino respondeu que espera que a conferência "produza uma negociação ampliada a todos os temas relacionados com nosso status permanente", o que levaria "a um acordo de paz entre Israel e o povo palestino".
Antes, Olmert havia anunciado que seu governo se reuniria com os palestinos em Jerusalém para trabalhar em algo "para dar esperança para nossos povos": "Dessa vez é diferente, porque teremos muita participação no que eu espero que seja o lançamento de um processo verdadeiro de negociação entre nós e os palestinos". Ele se referia à presença de outros países árabes na conferência, num total de 16. A Síria confirmou participação na última hora.
Indagado sobre a ausência do Irã, Sean McCormack disse: "A lista de países participantes é muito interessante também pelas ausências".
Depois, citaria pelo nome: "Hamas, Hizbollah, Irã, todos os que vieram a público dizer que eles não gostam da idéia da conferência e que ela será um fracasso. Interessante serem os únicos a dizer isso".


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