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ARTIGO
A visão israelense da cúpula
TZIPORA RIMON
Israel há muito tempo defende o diálogo com os líderes
pragmáticos do lado palestino.
Apesar da complexidade e de
todas as dificuldades, o governo
israelense acredita que a situação atual representa uma oportunidade que deve ser aproveitada. Para Israel, o encontro de
Annapolis é uma oportunidade
de se chegar a um entendimento comum a fim de permitir
progressos nas negociações em
direção a uma visão de dois Estados, para dois povos.
O evento representa um ponto de partida para o lançamento
das negociações e contará com
a presença de dezenas de Estados, inclusive do Brasil e de países do Oriente Médio, os quais
irão criar uma rede de proteção
internacional a este processo.
A participação de Estados
árabes moderados pode ajudar
a liderança palestina a proporcionar as medidas necessárias.
Por outro lado, indicará aos israelenses a aceitação de Israel e
uma predisposição a normalizar as relações com o país.
Após Annapolis, espera-se
que Israel e os palestinos entrem em negociações intensas
ao lidar com questões fundamentais que são condições para
a concretização da perspectiva
de dois Estados.
A solução gera divisão entre
israelenses e palestinos moderados que vislumbram dois lares para dois povos, convivendo
em paz e segurança. Deve-se
assegurar que o futuro Estado
palestino não seja de terror.
Nesse sentido, os compromissos do Mapa de Caminho que
os palestinos assumiram -especialmente a luta contra o terrorismo- devem ser cumpridos. Israel está comprometido,
com dedicação, à sua parte do
Mapa, apesar das dificuldades
políticas envolvidas.
Enquanto Israel luta por um
futuro melhor, com a liderança
palestina moderada de Mahmoud Abbas, a realidade -como o terrorismo do Hamas em
Gaza- não pode ser esquecida.
O bombardeio incessante de
terroristas do Hamas contra cidades israelenses deve ser lembrado. Na busca pela paz, Israel
também tem o dever de proteger seus civis de extremistas.
Para o sucesso das negociações em Annapolis, prima-se
discutir pontos-chave. O debate sobre os problemas mais sérios, as questões históricas, os
desacordos entre Israel e palestinos, já é um avanço.
Estamos comprometidos a
alcançar o objetivo de dois Estados, levando em conta os interesses de segurança nacional.
Esperamos a mesma boa vontade por parte dos palestinos.
Naturalmente, em vista de
anos de tentativas frustradas,
há um certo ceticismo e preocupação de haver colapso nas
negociações -o que pode levar
à violência. Há em Israel uma
crescente ansiedade em relação à habilidade de Abbas em
implementar um acordo.
Por outro lado, alguns medirão esforços para destruir a iniciativa pela paz no Oriente Médio. O Irã e seus aliados Hizbollah e Hamas temem uma solução positiva, que pode desmantelar seu desejo de uma revolução islâmica na região.
Esses obstáculos não podem
nos impedir de cultivar a paz
entre os povos da região. O encontro de Annapolis pode significar um poderoso avanço em
direção à paz -que é aguardada
com ansiedade, 60 anos após a
decisão de partilha da ONU em
sessão presidida pelo diplomata brasileiro Oswaldo Aranha,
em 29 de novembro de 1947.
Israel tem a esperança de que
cada um dos líderes e partes envolvidos possam debater os aspectos cruciais desta oportunidade única, enfrentando os riscos com coragem e determinação, caminhando em direção a
um futuro melhor para todos.
TZIPORA RIMON é embaixadora de Israel no
Brasil
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