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Líder ausente encerra ciclo e dá tom do novo
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE JERUSALÉM
Nos últimos dias, quando o Kadima começou a cair nas pesquisas eleitorais, o premiê Ariel Sharon voltou a aparecer no horário
politico do partido exibido na televisão. A legenda apostou no carisma do lendário líder para conter a queda e mostrou imagens do
ato de fundação, em novembro.
"O Kadima vai ser o partido que
dará estabilidade e segurança a Israel", disse um Sharon ainda saudável e no auge da popularidade.
Até então, o polêmico ex-general havia aparecido pouco na
campanha. Ele não foi muito elogiado, nem muito acusado. Nem
mesmo o Kadima explorou a
imagem de herói de Sharon, nem
os adversários exploraram as acusações de corrupção contra o primeiro-ministro.
Embora ausente fisicamente,
em termos ideológicos ele esteve
envolvido em cada momento da
campanha. Sua idéia de "desligar"
Israel dos palestinos transformou-se no ponto central da política israelense. A partir do momento em que ele lançou a idéia
do desligamento, posta em prática no ano passado, quando ordenou a retirada da faixa de Gaza,
ser de "direita" ou de "esquerda"
em Israel passou a significar ser a
favor ou contra o unilateralismo.
Ataques
Durante a campanha eleitoral,
os ataques às idéias de Sharon foram transferidos para Ehud Olmert. As acusações de corrupção
foram deixadas de lado.
Não apareceram os assuntos
das listas que Omri, filho de Ariel
Sharon, fez de cargos públicos a
serem distribuídos para aliados,
nem mesmo o dinheiro que ele
coletou de maneira irregular para
a campanha do pai.
O episódio mais polêmico de
sua carreira, pelo menos em relação à sua imagem internacional,
também não conseguiu manchar
a campanha. O massacre de palestinos nos campos de refugiados
de Sabra e Shatila, durante a invasão israelense do Líbano, há muito sumiram do currículo político
de Sharon dentro de Israel.
"Temos hoje em Israel uma nova realidade. Sharon saiu da direita e criou um novo centro na política. Se não fosse por ele, hoje não
teríamos um milhão de eleitores
mudando o partido em que votam", disse o trabalhista Yitzhak
Herzog, número dois de Amir Peretz, em análise da transferência
dos votos do Likud para o Kadima.
A eleição antecipada de hoje em
Israel representa a entrada da
doutrina de Ariel Sharon para a
história do país.
A face do premiê fitando o horizonte aparece em gigantescos
murais nas salas do Kadima, assim como fotos enormes de Yitzhak Rabin adornam as sedes do
Partido Trabalhista. Sharon virou
o Rabin da direita.
(MG)
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