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Hamas apresenta gabinete e fala pela primeira vez em negociação
DA REDAÇÃO
O governo palestino chefiado
pelo grupo terrorista Hamas aceita retomar as negociações de paz
com Israel por meio de mediadores, mas não dobrará diante das
pressões internacionais para moderar suas posições. A declaração
foi feita pelo premiê nomeado, Ismail Haniyeh, que apresentou
ontem o novo gabinete palestino.
Foi a primeira vez que Haniyeh
falou em negociações, mas a declaração deve ter pouco efeito, já
que o Hamas continua irredutível
em sua recusa a abandonar a violência e reconhecer o direito de
existência de Israel, pré-condições dos mediadores do Quarteto
de Madri (EUA, UE, ONU e Rússia), para o reinício do diálogo.
"Nosso governo estará pronto
para o diálogo com o Quarteto
para acabar com o estado de luta",
disse Haniyeh. Proferido na véspera de mais uma eleição israelense dominada pelo conflito, o
discurso pode ter ajudado a manter dormente o chamado "efeito
Hamas", um potencial destruidor
de propostas moderadas em Israel. Mas não convenceu os governos americano e israelense.
"O que vemos dos líderes do
Hamas é jogo duplo e ginástica
verbal. Vemos um sinal de que as
coisas vão mudar e então há imediatamente um recuo", disse
Mark Regev, porta-voz da Chancelaria israelense. A Casa Branca
reagiu de forma semelhante.
O terror e as formas de lidar
com o problema sempre foram
temas dominantes na política israelense, mas nenhuma eleição
foi tão diretamente afetada por ele
como a de 1996, quando o trabalhista Shimon Peres deixou escapar o que era considerada uma vitória certa após uma série de atentados do Hamas, que deixou quase 60 mortos.
Em seu discurso ao Parlamento
palestino, Ismail Haniyeh evitou
usar a palavra "resistência", com a
qual geralmente o Hamas justifica
os ataques a Israel, preferindo o
termo "direito de autodefesa". Ele
não explicou como pretende
avançar o processo de paz, mas o
presidente do Parlamento, Abdel
Aziz Duaik, também do Hamas,
disse que o grupo reconheceria Israel em troca da retirada da Cisjordânia e de Jerusalém Oriental.
Haniyeh insistiu que os cortes
na ajuda financeira internacional
não mudarão a posição do Hamas. "Quem acha que a pressão
econômica pode levar nosso governo a sucumbir ou enfraquecer
a determinação de nosso povo está enganado", disse. O Parlamento palestino deve aprovar hoje ou
amanhã o novo gabinete.
Com agências internacionais
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