São Paulo, sábado, 28 de março de 2009

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"Plano retoma foco correto perdido com a invasão do Iraque", diz progressista

DE WASHINGTON

Para o especialista em segurança doméstica P.J. Crowley, do progressista Center for American Progress, de Washington, o plano de Obama recoloca a ênfase da ação militar americana no lugar certo, o Afeganistão, e dará certo: (SD)

 

FOLHA - O que o sr. achou do plano de Obama?
P.J. CROWLEY
- É importante, porque retoma a ênfase no Afeganistão que estava perdida desde 2003, com a invasão do Iraque. Coloca ênfase igual tanto no que está acontecendo no Afeganistão como no que está acontecendo no Paquistão e, em último caso, prevê que haja progresso em ambos os lados da fronteira do conflito. O presidente propõe uma estratégia balanceada que obviamente eleva o esforço militar, mas também enfatiza a importância do progresso civil em termos de desenvolvimento da governabilidade. De quebra, lida com a situação das drogas e destina fundos significativos a ambos os lados da fronteira. Há ainda um reconhecimento de que deve haver um envolvimento mais efetivo dos outros países da região que têm interesse no Afeganistão, e isso inclui o Irã. Em 2001, logo após o 11 de Setembro, os EUA e o Irã, entre outros, trabalharam efetivamente juntos no chamado Processo de Bonn, que levou ao estabelecimento do governo de Hamid Karzai. Nos últimos anos, nós perdemos esse aspecto regional, e essa é uma estratégia promissora, é claro. Por outro lado, a ameaça representada pelo Taleban não é estática, e eles certamente acharão meios de reagir a essa nova estratégia dos EUA.

FOLHA - O sr. acha que os 4.000 treinadores bastarão?
CROWLEY
- Sim. Eles estarão concentrados em treinar os militares locais e uma nova polícia afegã, para fortalecer tanto a capacidade do governo nacional como dos regionais. A finalidade será dar mais responsabilidade [aos afegãos] tanto para o desenvolvimento da segurança como da economia. Por outro lado, a assistência civil anunciada pelo presidente Obama vai ajudar o governo do Paquistão a fazer mais investimento nas áreas tribais para tentar converter o que hoje é basicamente uma economia movida pelo extremismo islâmico nessas áreas em uma economia legítima.

FOLHA - O sr. mencionou a reação imediata do Taleban. Como acha que ela virá?
CROWLEY
- Em geral, no Afeganistão, quando o tempo começa a melhorar, abre-se oportunidade para um certo aumento de atividade dos membros do Taleban, então eu imagino que, conforme o Afeganistão avance na primavera setentrional, veremos mais ações nessa área.
Uma das razões pelas quais o presidente Obama deu o sinal verde para o aumento das tropas americanas mesmo durante a revisão da estratégia militar é dar recursos adicionais particularmente no sul e no leste do Afeganistão em antecipação ao aumento desses ataques. É também para garantir que haja soldados já em ação no país antes das eleições do segundo semestre.


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