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"Plano retoma foco correto perdido com a invasão do Iraque", diz progressista
DE WASHINGTON
Para o especialista em segurança doméstica P.J. Crowley,
do progressista Center for
American Progress, de Washington, o plano de Obama recoloca a ênfase da ação militar
americana no lugar certo, o
Afeganistão, e dará certo:
(SD)
FOLHA - O que o sr. achou do plano
de Obama?
P.J. CROWLEY - É importante,
porque retoma a ênfase no Afeganistão que estava perdida
desde 2003, com a invasão do
Iraque. Coloca ênfase igual tanto no que está acontecendo no
Afeganistão como no que está
acontecendo no Paquistão e,
em último caso, prevê que haja
progresso em ambos os lados
da fronteira do conflito.
O presidente propõe uma estratégia balanceada que obviamente eleva o esforço militar,
mas também enfatiza a importância do progresso civil em
termos de desenvolvimento da
governabilidade. De quebra, lida com a situação das drogas e
destina fundos significativos a
ambos os lados da fronteira.
Há ainda um reconhecimento de que deve haver um envolvimento mais efetivo dos outros países da região que têm
interesse no Afeganistão, e isso
inclui o Irã. Em 2001, logo após
o 11 de Setembro, os EUA e o
Irã, entre outros, trabalharam
efetivamente juntos no chamado Processo de Bonn, que levou
ao estabelecimento do governo
de Hamid Karzai. Nos últimos
anos, nós perdemos esse aspecto regional, e essa é uma estratégia promissora, é claro.
Por outro lado, a ameaça representada pelo Taleban não é
estática, e eles certamente
acharão meios de reagir a essa
nova estratégia dos EUA.
FOLHA - O sr. acha que os 4.000
treinadores bastarão?
CROWLEY - Sim. Eles estarão
concentrados em treinar os militares locais e uma nova polícia
afegã, para fortalecer tanto a
capacidade do governo nacional como dos regionais. A finalidade será dar mais responsabilidade [aos afegãos] tanto para o desenvolvimento da segurança como da economia.
Por outro lado, a assistência
civil anunciada pelo presidente
Obama vai ajudar o governo do
Paquistão a fazer mais investimento nas áreas tribais para
tentar converter o que hoje é
basicamente uma economia
movida pelo extremismo islâmico nessas áreas em uma economia legítima.
FOLHA - O sr. mencionou a reação
imediata do Taleban. Como acha
que ela virá?
CROWLEY - Em geral, no Afeganistão, quando o tempo começa
a melhorar, abre-se oportunidade para um certo aumento de
atividade dos membros do Taleban, então eu imagino que,
conforme o Afeganistão avance
na primavera setentrional, veremos mais ações nessa área.
Uma das razões pelas quais o
presidente Obama deu o sinal
verde para o aumento das tropas americanas mesmo durante a revisão da estratégia militar é dar recursos adicionais
particularmente no sul e no leste do Afeganistão em antecipação ao aumento desses ataques.
É também para garantir que
haja soldados já em ação no
país antes das eleições do segundo semestre.
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