São Paulo, sábado, 28 de abril de 2007

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País segue corrente do islã radical

DA REDAÇÃO

"A sociedade saudita não é e não poderá ser uma sociedade moderna, no sentido que nós atribuímos ao termo, enquanto o poder for do wahabismo", escreveu o jornalista britânico Robert Fisk, especialista em Oriente Médio, em texto sobre a morte do rei Fahd, da Arábia Saudita, em agosto de 2005.
Fisk referia-se ao poder que os wahabitas -ramo fundamentalista do islamismo- têm na Arábia Saudita. Fundado no século 18 pelo clérigo Mohamed ibn Abdul Wahab (1703-1792), o wahabismo segue estritamente a sharia (lei islâmica), o código legal principal no país.
Apesar de a Arábia Saudita ter se tornado, na segunda metade do século 20, um dos principais aliados dos Estados Unidos no Oriente Médio, os wahabitas em tese defendem uma independência política e cultural dos países árabes em relação ao Ocidente. Foi o fato de a monarquia ter permitido a permanência de tropas americanas no país depois da Guerra do Golfo contra o vizinho Iraque, em 1991, que forneceu ao saudita Osama bin Laden o argumento de que os dirigentes locais não agiam de acordo com o que pregavam.
Mas bem antes de Bin Laden ter sua cidadania saudita cassada, o país ofereceu boa parte do contingente árabe que foi lutar no Afeganistão, onde grupos islamitas combatiam a ocupação soviética. Na época, o rei Fahd financiava madrassas (escolas religiosas) no Paquistão. Parte desses combatentes mais tarde se juntaria à Al Qaeda. Dos 19 terroristas envolvidos nos atentados do 11 de Setembro, 15 eram sauditas.
Fora da região árabe, o wahabismo está presente nas raízes do Taleban, que governava o Afeganistão até a invasão das forças lideradas pelos EUA ao país, em 2001. A intolerância do Taleban foi demonstrada, por exemplo, com a destruição de duas imagens gigantes de Buda esculpidas há mais de 1.500 anos, consideradas idolatria.
Após o 11 de Setembro, o governo saudita tem procurado mostrar que se esforça para combater o terrorismo vinculado ao wahabismo.


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