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DIREITOS HUMANOS
Número está em relatório americano; EUA ameaçam punir países que não se engajarem no combate ao crime
Tráfico humano atinge 900 mil no mundo
ROBERTO DIAS
DE NOVA YORK
Até 900 mil pessoas são anualmente vítimas de tráfico humano
internacional, diz o Departamento de Estado americano em relatório que marca o início de nova
política do país para o assunto.
Pela primeira vez, o governo
dos EUA poderá punir governos
que não se engajarem no combate
ao tráfico de pessoas -esses países poderão ter seu acesso bloqueado a recursos do FMI e do
Banco Mundial e também podem
perder dinheiro de programas assistenciais americanos.
As vítimas do tráfico, segundo
os EUA, são sobretudo mulheres
obrigadas a se prostituir em outros países e crianças que são levadas, contra a sua vontade, para
trabalhar em outros lugares.
Os traficantes podem tanto fazer parte de redes organizadas de
crime quanto trabalharem como
"free-lancers" eventuais.
"Eles acham suas vítimas por
meio de anúncios em jornais locais oferecendo bons empregos
com altos pagamentos em cidades interessantes ou usar agências
fraudulentas de viagem, de modelos ou de encontros", diz o Departamento de Estado.
Estimativa da ONU indica que
esse tipo de crime movimente entre US$ 7 bilhões a US$ 10 bilhões
anualmente. Segundo os EUA,
nenhum país está imune ao tráfico humano. Washington estima
que de 18 mil a 20 mil pessoas passam anualmente pelas fronteiras
dos próprios EUA dentro de algum esquema criminoso. Os números não incluem o tráfico dentro dos próprios países.
Para conseguir cooperação de
outros governos contra esse problema, os EUA estabeleceram
uma classificação da vontade política dos países em agir. Quem foi
listado como tendo dado apoio
insuficiente poderá ser punido a
partir de outubro, quando começa o ano fiscal americano.
Além da atuação de Washington contra pacotes de apoio a esses países em instituições multilaterais de crédito, as sanções podem envolver corte a programas
educacionais e culturais.
São três as categorias da classificação adotada pelos EUA. Na primeira, estão países que cumprem
o que Washington considera uma
"agenda mínima": têm leis duras
contra o tráfico e agem para que
sejam cumpridas.
Na segunda categoria, que inclui o Brasil, estão governos que
têm se esforçado para melhorar.
A terceira é reservada a países
que, aos olhos dos EUA, não demonstram preocupação com o
problema -está aqui um membro da União Européia, a Grécia.
São os países desse último grupo
que correm risco de punição.
No relatório, o Departamento
de Estado destaca algumas iniciativas que, em sua opinião, podem
ser tomadas como modelo contra
o tráfico humano.
A primeira delas é a campanha
publicitária patrocinada pela Fifa,
a entidade que comanda o futebol
mundial, em um torneio de futebol na África -um modelo que,
diz o governo americano, será repetido na próxima Copa do Mundo, em 2006, na Alemanha.
Outra iniciativa elogiada está
sendo executada nos Emirados
Árabes Unidos, onde o governo
começou a fazer testes nos jóqueis
de camelos para determinar sua
verdadeira idade e evitar o uso de
crianças nas competições.
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