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São Paulo, sábado, 28 de junho de 2003

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DIREITOS HUMANOS

Número está em relatório americano; EUA ameaçam punir países que não se engajarem no combate ao crime

Tráfico humano atinge 900 mil no mundo

ROBERTO DIAS
DE NOVA YORK

Até 900 mil pessoas são anualmente vítimas de tráfico humano internacional, diz o Departamento de Estado americano em relatório que marca o início de nova política do país para o assunto.
Pela primeira vez, o governo dos EUA poderá punir governos que não se engajarem no combate ao tráfico de pessoas -esses países poderão ter seu acesso bloqueado a recursos do FMI e do Banco Mundial e também podem perder dinheiro de programas assistenciais americanos.
As vítimas do tráfico, segundo os EUA, são sobretudo mulheres obrigadas a se prostituir em outros países e crianças que são levadas, contra a sua vontade, para trabalhar em outros lugares.
Os traficantes podem tanto fazer parte de redes organizadas de crime quanto trabalharem como "free-lancers" eventuais.
"Eles acham suas vítimas por meio de anúncios em jornais locais oferecendo bons empregos com altos pagamentos em cidades interessantes ou usar agências fraudulentas de viagem, de modelos ou de encontros", diz o Departamento de Estado.
Estimativa da ONU indica que esse tipo de crime movimente entre US$ 7 bilhões a US$ 10 bilhões anualmente. Segundo os EUA, nenhum país está imune ao tráfico humano. Washington estima que de 18 mil a 20 mil pessoas passam anualmente pelas fronteiras dos próprios EUA dentro de algum esquema criminoso. Os números não incluem o tráfico dentro dos próprios países.
Para conseguir cooperação de outros governos contra esse problema, os EUA estabeleceram uma classificação da vontade política dos países em agir. Quem foi listado como tendo dado apoio insuficiente poderá ser punido a partir de outubro, quando começa o ano fiscal americano.
Além da atuação de Washington contra pacotes de apoio a esses países em instituições multilaterais de crédito, as sanções podem envolver corte a programas educacionais e culturais.
São três as categorias da classificação adotada pelos EUA. Na primeira, estão países que cumprem o que Washington considera uma "agenda mínima": têm leis duras contra o tráfico e agem para que sejam cumpridas.
Na segunda categoria, que inclui o Brasil, estão governos que têm se esforçado para melhorar. A terceira é reservada a países que, aos olhos dos EUA, não demonstram preocupação com o problema -está aqui um membro da União Européia, a Grécia. São os países desse último grupo que correm risco de punição.
No relatório, o Departamento de Estado destaca algumas iniciativas que, em sua opinião, podem ser tomadas como modelo contra o tráfico humano.
A primeira delas é a campanha publicitária patrocinada pela Fifa, a entidade que comanda o futebol mundial, em um torneio de futebol na África -um modelo que, diz o governo americano, será repetido na próxima Copa do Mundo, em 2006, na Alemanha.
Outra iniciativa elogiada está sendo executada nos Emirados Árabes Unidos, onde o governo começou a fazer testes nos jóqueis de camelos para determinar sua verdadeira idade e evitar o uso de crianças nas competições.


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