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Jornal de Kosovo sofre intimidação
ROBERT FISK
do "The Independent", em Pristina
A televisão sérvia o chama de
"jornal terrorista", o que é estranho, porque o "Koha Ditore"
(algo como "Tempo Diário")
não publica editoriais, nem reportagens contendo nenhum indício
das opiniões de seus jornalistas.
Quando o Exército de Libertação de Kosovo (ELK) dominou
um terço da Província iugoslava, o
jornal, produzido para a comunidade étnica albanesa de Kosovo,
maioria na região, nem sequer publicou mapa para mostrar a área
sob seu controle.
O "Koha Ditore" chega a vender 30 mil exemplares por dia apenas quatro anos depois de ser fundado numa Província onde as autoridades sérvias têm todos os
motivos possíveis para querer acabar com o jornal.
O diário perdeu temporariamente um terço de sua circulação
devido ao fechamento dos trens
entre a capital de Kosovo, Pristina, e a cidade de Pec, que se encontra sob o controle do ELK. Mas
ainda é vendido no exterior -na
Alemanha, na Suíça, no Reino
Unido, na Holanda e na Macedônia, embora não na Albânia.
Num dia mediano, o tablóide de
16 páginas publica sete artigos e
pelo menos uma foto em sua primeira página, mas lota suas páginas internas com matérias produzidas por seus 13 jornalistas (o
mais velho dos quais tem 27 anos)
e até 50 colaboradores.
Trinta jovens trabalham na redação, sob a direção de cinco editores. Muitos buscam notícias na
Internet ou na agência albanesa
local de notícias.
Há alguns meses, a polícia espancou o editor executivo, Veton
Surroi. Depois, arrombou seu escritório e atacou o diretor administrativo do jornal, Luan Dobroshi. Um fotógrafo foi perseguido
pelo prédio e atirou-se de uma janela, quebrando a perna ao cair na
calçada. Os jornalistas desconfiam
que foi uma vingança sérvia pela
visita feita por um diplomata dos
Estados Unidos à sede do jornal,
alguns dias antes.
"Não procuramos furos ou entrevistas exclusivas", disse Virtyt
Gacaferri, 24, um dos repórteres
veteranos do diário. "Podemos
dizer que damos voz à oposição
política albanesa e, às vezes, publicamos matérias especiais."
Tradução de Clara Allain
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