São Paulo, domingo, 28 de junho de 1998

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FRANÇA
Engenheiro desenvolve aparelho que evita que telefones recebam chamadas em locais como teatros e cinemas
Inventor cria arma contra celular chato

RODRIGO AMARAL
de Paris

Um inventor francês considera ter encontrado a solução para uma das mais odiosas contra-indicações do avanço tecnológico: o telefone celular impertinente.
Raoul Girod, 54, engenheiro residente em Lyon, pretende começar, até o fim do ano, a comercialização do "Brouilleur" (em português, seria algo como "embaralhador"), um aparelho que evita que os celulares toquem em locais onde possam causar danos aos nervos de outras pessoas.
O público-alvo de Girod são os teatros, cinemas, salas de universidades, igrejas e outros lugares em que o silêncio é bem-vindo.
A lógica do aparelho é simples. Uma antena de rádio intercepta a ligação telefônica e evita que o telefone toque. Outra antena emite um sinal para a companhia que emitiu o chamado (em São Paulo, por exemplo, seria a Telesp).
Se o chamado for urgente (as companhias francesas vão definir, em seus registros de clientes, quem vai deter esse tipo de status, como médicos e policiais), a empresa emite novo sinal, que dessa vez chegará a seu destinatário.
Caso contrário, a chamada é direcionada à caixa postal do usuário do telefone. Ao deixar o ambiente protegido, o telefone toca e avisa ao proprietário que ele tem uma mensagem à sua espera.
"Impedir que o telefone toque é fácil. Meu aparelho é inteligente porque permite que as chamadas de emergência sejam completadas", diz Girod, sem pecar pelo excesso de modéstia.
O aparelho, que tem o tamanho de uma caixa de sapatos, deverá ser vendido, segundo Girod, por cerca de US$ 1.700. "Não é caro para uma empresa", acredita o inventor.
Ele diz ainda que o aparelho poderá ter diversas configurações, permitindo a proteção de áreas variadas contra os celulares chatos.
Um estádio de futebol, afirma Girod, teria necessidade de dois aparelhos instalados em pontos opostos.
Para que o aparelho tenha sucesso comercial, ele aposta no nível de exigência do sensível público francês, ainda não acostumado com o crescimento do mercado de telefone celular no país -em dois anos, passou de 1,6 milhão de usuários para 7,1 milhões.
As empresas francesas do setor colocam à disposição de seus assinantes uma variedade de sinais musicais de chamada que deixam qualquer um com o cabelo em pé.
Esses sinais vão desde trechos da "Marselhesa" (hino nacional da França) até a inefável "Pour Elise", composta pelo polonês Frederic Chopin no século passado e tristemente colocada em evidência, no Brasil, pelas companhias de entrega de gás.
Girod afirma ainda estar em contato com as empresas operadoras da Itália, Espanha e Alemanha, onde também pretende vender seu aparelho.



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