São Paulo, domingo, 28 de junho de 1998

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Com os rostos pintados de branco, eles distribuíam rosas para os motoristas "arrependidos'
Mímicos foram "fiscais' de trânsito

do enviado especial

Como estimular o motorista bogotano, normalmente estressado, violento e desrespeitador das normas básicas do trânsito, a refletir sobre sua maneira de dirigir?
Essa pergunta foi formulada pelo ex-prefeito da capital colombiana Antanas Mockus no início de sua gestão.
A resposta foi original e divertida: durante cerca de dois meses, grupos de mímicos invadiram os cruzamentos mais movimentados de Bogotá e, por meio de brincadeiras e improvisações, ensinaram os motoristas e pedestres a se respeitarem um pouco mais.

Repreensão gentil
Lá vem o motorista apressado, o sinal fecha e, com sua habitual educação, ele pára sobre a faixa de pedestres.
Em vez do guarda de trânsito, quem gentilmente o repreende é uma simpática figura com o rosto pintado de branco.
Sem usar palavras e sem tocar no carro, o mímico tenta empurrá-lo para trás, mostrando seu esforço com gestos e expressões. Encabulado, o motorista dá a ré. Em vez de uma multa, recebe uma flor.
"Nosso trabalho foi baseado na ternura", disse à Folha o mímico Julio Ferro, 44, coordenador do projeto. Com esses métodos pedagógicos, Mockus conseguiu sensibilizar a população para a guerra diária travada nas avenidas.
"Este tipo de iniciativa valoriza a cultura urbana", diz Antanas Mockus. "Quando as pessoas respeitam normas básicas de convivência, muitos problemas deixam de existir."
Mais de dois anos depois da invasão dos mímicos, o trânsito de Bogotá continua cheio de problemas. Mas muitos motoristas se lembram das cenas engraçadas que presenciaram em meio à confusão da capital colombiana. (OD)



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