UOL


São Paulo, segunda-feira, 28 de julho de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Crise foi surrealista do início ao fim

DA REDAÇÃO

Tanques camuflados passavam entre lanchonetes, arranha-céus e lojas ontem, dando ao coração financeiro de Manila a aparência de uma zona de guerra à medida que soldados descontentes se rebelavam contra a presidente Gloria Macapagal Arroyo. Mas não houve guerra, e a crise foi surrealista do princípio ao fim.
Após um impasse de mais de 19 horas, os amotinados finalmente saíram do complexo Glorietta, carregando armas, mochilas e caixas de munição. Eles foram levados em caminhões de volta para seus quartéis.
Eles ainda vestiam os uniformes que Arroyo disse que eles haviam "manchado" com a desonra. Mas alguns tiraram as braçadeiras vermelhas -adornadas com o símbolo anticolonial do século 19- que haviam colocado antes para mostrar que haviam rompido com seu comando.
Os amotinados não estavam sorrindo como fez a presidente quando anunciou, em rede nacional de televisão, que a crise havia terminado pacificamente. Mas, enquanto esperavam para serem removidos, alguns chegaram a cantar. Antes disso, fuzileiros navais leais a Arroyo, que usavam braçadeiras brancas, foram vistos trocando apertos de mão e brincando com os amotinados.
Presidentes e governos caíram por causa do que os filipinos chamam de "poder do povo". Mas a reviravolta de ontem não foi como os protestos eufóricos e pacíficos do passado. Muitas pessoas comuns não estavam interessadas o suficiente para se envolverem com um dos dois lados.
Em grande parte de Manila, a vida prosseguiu normalmente enquanto os eventos dramáticos eram mostrados ininterruptamente e ao vivo pela televisão.
No local, estrangeiros -incluindo a embaixadora da Austrália- foram abandonados por horas enquanto os quase 300 amotinados ocupavam o complexo do Oakwood Hotel e do Glorietta Mall, cercando o edifício com bombas e tomando posições no domingo pela manhã. Quando o impasse terminou, os próprios rebeldes desarmaram as bombas.
Soldados amotinados deitaram ou se sentaram no hall de entrada, com os fuzis carregados. Havia latas de sardinhas e de carne em conserva, caixas de bolachas, um saco de arroz, galões de água e três baterias de caminhão.
Os rebeldes afirmaram que queriam que Arroyo se fosse, mas que não estavam dispostos a lutar entre eles mesmos.


Com agências internacionais


Texto Anterior: País é um grande aliado dos EUA na guerra ao terror
Próximo Texto: Comemoração: Cuba renuncia a qualquer auxílio da União Européia
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.