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Crise foi surrealista do início ao fim
DA REDAÇÃO
Tanques camuflados passavam
entre lanchonetes, arranha-céus e
lojas ontem, dando ao coração financeiro de Manila a aparência de
uma zona de guerra à medida que
soldados descontentes se rebelavam contra a presidente Gloria
Macapagal Arroyo. Mas não houve guerra, e a crise foi surrealista
do princípio ao fim.
Após um impasse de mais de 19
horas, os amotinados finalmente
saíram do complexo Glorietta,
carregando armas, mochilas e caixas de munição. Eles foram levados em caminhões de volta para
seus quartéis.
Eles ainda vestiam os uniformes
que Arroyo disse que eles haviam
"manchado" com a desonra. Mas
alguns tiraram as braçadeiras vermelhas -adornadas com o símbolo anticolonial do século 19-
que haviam colocado antes para
mostrar que haviam rompido
com seu comando.
Os amotinados não estavam
sorrindo como fez a presidente
quando anunciou, em rede nacional de televisão, que a crise havia
terminado pacificamente. Mas,
enquanto esperavam para serem
removidos, alguns chegaram a
cantar. Antes disso, fuzileiros navais leais a Arroyo, que usavam
braçadeiras brancas, foram vistos
trocando apertos de mão e brincando com os amotinados.
Presidentes e governos caíram
por causa do que os filipinos chamam de "poder do povo". Mas a
reviravolta de ontem não foi como os protestos eufóricos e pacíficos do passado. Muitas pessoas
comuns não estavam interessadas
o suficiente para se envolverem
com um dos dois lados.
Em grande parte de Manila, a
vida prosseguiu normalmente enquanto os eventos dramáticos
eram mostrados ininterruptamente e ao vivo pela televisão.
No local, estrangeiros -incluindo a embaixadora da Austrália- foram abandonados por
horas enquanto os quase 300
amotinados ocupavam o complexo do Oakwood Hotel e do Glorietta Mall, cercando o edifício
com bombas e tomando posições
no domingo pela manhã. Quando
o impasse terminou, os próprios
rebeldes desarmaram as bombas.
Soldados amotinados deitaram
ou se sentaram no hall de entrada,
com os fuzis carregados. Havia latas de sardinhas e de carne em
conserva, caixas de bolachas, um
saco de arroz, galões de água e três
baterias de caminhão.
Os rebeldes afirmaram que queriam que Arroyo se fosse, mas que
não estavam dispostos a lutar entre eles mesmos.
Com agências internacionais
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