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São Paulo, segunda-feira, 28 de julho de 2003

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COMEMORAÇÃO

Em discurso dos 50 anos do ataque a Moncada, o ditador Fidel Castro critica "antigas potências coloniais"

Cuba renuncia a qualquer auxílio da União Européia

DA REDAÇÃO

O ditador cubano, Fidel Castro, fechou as portas ao diálogo e à cooperação com a União Européia (UE). A decisão foi lamentada ontem pelo Comitê Executivo da UE em Bruxelas e despertou novas preocupações nos setores dissidentes internos.
"O governo de Cuba, por questões de dignidade, renuncia qualquer tipo de ajuda ou resto de ajuda humanitária que possa ser oferecida pela comissão e pelos governos da União Européia", anunciou Fidel em discurso, em Santiago de Cuba, durante a comemoração dos 50 anos do ataque ao quartel de Moncada, ação que deu início à revolução.
No último mês de junho, a UE aprovou quatro medidas de represália contra Cuba devido à prisão de 75 dissidentes e fuzilamento sumário de três pessoas durante o sequestro de uma lancha de passageiros, ocorrido em abril passado.
Entre as medidas da UE, havia a limitação das visitas governamentais, o convite a dissidentes para celebração de festas nacionais, a redução de patrocínio cultural e a revisão da posição que condiciona a cooperação econômica em intercâmbios democráticos à observação dos direitos humanos em Cuba.
"É falta de dignidade pretender pressionar e intimidar Cuba com essas medidas", disse Fidel durante um discurso inflamado de 70 minutos a 10 mil convidados.
Os chanceleres dos 15 países da UE reuniram-se em 20 de julho para ratificar a posição comum sobre a ilha, mas decidiram manter o diálogo político "com a finalidade de promover uma busca mais eficiente do objetivo da posição comum".
"A União Européia se ilude quando afirma que o diálogo político deve prosseguir. A soberania e a dignidade de um povo não são discutidas com ninguém, muito menos com antigas potências coloniais", afirmou Fidel.
O líder cubano acrescentou que "o diálogo deve ser público em fóruns internacionais e para discutir os graves problemas que ameaçam o mundo".
"Não vamos tentar discutir os princípios da União ou desunião Européia. Em Cuba, eles vão encontrar um país que não acata a amos, não aceita ameaças, não pede esmola e não carece de valor para dizer a verdade."
Em Bruxelas, o Comitê Executivo da UE anunciou em um comunicado, ontem, que "lamenta as declarações" de Fidel e que "a Comissão Européia deseja sublinhar, no entanto, seu compromisso para continuar dando respaldo ao povo cubano, em particular aos mais carentes".
A resposta da UE foi qualificada de "alentadora" pelo ativista Elizardo Sánchez. "É alentador que a UE ratifique sua vontade de ajudar a população cubana, apesar da retórica do governo de Fidel."


Com agências internacionais


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