São Paulo, sábado, 28 de setembro de 2002

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ORIENTE MÉDIO

País teme atentados; Hamas promete novas ações suicidas em retaliação a um ataque aéreo israelense

Aniversário da Intifada põe Israel em alerta

Ramzi Haidar/France Presse
Dezenas de milhares de pessoas participam de ato do Hizbollah contra Israel, na periferia de Beirute


DA REDAÇÃO

As forças de segurança de Israel estão em alerta máxima desde ontem, temendo atentados em razão da data do segundo aniversário, hoje, do levante palestino contra a ocupação israelense, conhecido também como a Intifada de Al Aqsa.
Manifestantes saíram às ruas da Cisjordânia, da faixa de Gaza e de capitais do mundo árabe como Cairo (Egito) e Beirute (Líbano) em passeatas contra Israel e em apoio aos militantes.
O grupo extremista islâmico Hamas prometia novas ações suicidas, em retaliação a um ataque aéreo israelense que matou anteontem dois de seus integrantes e feriu 27 pessoas na cidade de Gaza.
O alvo da operação era Mohammed Deif, um dos líderes do Hamas que encabeça a lista de terroristas procurados pelo Exército de Israel. Ele seria o principal especialista em fabricação de explosivos do grupo.
Segundo Matan Vilnai, membro do gabinete de segurança israelense, Deif ficou ferido quando o carro em que viajava foi atingido por um míssil, mas continua vivo. Alguns relatos dizem que ele perdeu um olho.
Como medida preventiva contra protestos palestinos em Jerusalém, Israel proibiu ontem (a sexta-feira é o dia sagrado islâmico) o acesso à Esplanada das Mesquitas (terceiro lugar mais sagrado do islã) às pessoas com menos de 40 anos.
Em 28 de setembro de 2000, Ariel Sharon, atual premiê israelense que à época era o líder da oposição, visitou o local. A sua ida foi vista como uma provocação pelo palestinos. No dia seguinte, ao menos quatro palestinos morreram em choques com a polícia.
Soldados israelenses morreram em ataques nos dias seguintes. Os distúrbios se espalharam pelos territórios palestinos e acabaram virando uma nova Intifada -entre 1987 e 1993, a população palestina já havia realizado um levante contra a ocupação israelense.
Nos últimos dois anos de violência, ao menos 1.570 palestinos e 601 israelenses morreram. O presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Iasser Arafat, acusado por Israel de patrocinar o terrorismo, foi isolado politicamente. Há oito dias, está sitiado no único prédio de seu quartel-general em Ramallah (Cisjordânia) ainda não derrubado por buldôzeres israelenses.
A ação contra Arafat veio em resposta a um ataque suicida palestino a um ônibus no centro de Tel Aviv, que matou seis pessoas.
Desafiando uma resolução do Conselho de Segurança da ONU, que exige o fim do cerco a Arafat, Israel diz que as tropas só deixarão o local quando 20 suspeitos de terrorismo refugiados nos escritórios de Arafat se entregarem.
Apesar do sofrimento resultante dos dois anos de violência, mais de 80% dos palestinos querem a continuação da intifada, segunda pesquisa do Centro de Comunicação e Mídia de Jerusalém.
Além da Intifada e de uma possível guerra contra o Iraque, Israel lida ainda com ameaças do Hizbollah. Autoridades do país disseram ao "The New York Times" que o grupo xiita estaria posicionando milhares de foguetes e mísseis no sul do Líbano para eventual ofensiva contra cidades do norte israelense.


Com agências internacionais

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