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O IMPÉRIO VOTA
Clinton volta à cena para salvar democratas
Na reta final para a eleição legislativa, ex-presidente participa de comícios em prol de candidatos do partido
Pesquisa aponta que predecessor de Obama tem mais apelo junto a eleitorado que atual titular da Casa Branca
LUCIANA COELHO
EM BOSTON
Quando a campanha de
John Kerry para presidente
começava a avinagrar, em
2004, os democratas convocaram Bill Clinton, recém-operado do coração, para lotar comícios e arrancar os rugidos que o candidato não
conseguia tirar da plateia.
Os ânimos melhoraram,
mas os democratas perderam. O triunfo viria só em
2008, com a campanha que
elegeu Barack Obama e na
qual o ex-presidente (1993-2001) teve atuação reticente.
Passados dois anos, o partido do governo caminha para perder a maioria na Câmara na próxima terça-feira e corre riscos no Senado. É
Clinton, pois, o homem da
hora outra vez.
O Gallup aferiu que é ele, e
não Obama, o dono do apoio
mais valioso: 9% dos republicanos, 21% dos independentes e 53% dos democratas
se dizem inclinados a votar
em quem o ex-presidente indica (contra 2%, 12% e 48%
que seguem o atual).
A pesquisa se traduz nas
103 vezes que o político grisalho -cujas rugas e a dieta
"vegan" mal deixam lembrar
o presidente rechonchudo e
eufórico- subiu ao palanque
nesta campanha, na conta
do "New York Times".
Em julho, o Gallup registrava a popularidade de Clinton em 61%, nove pontos acima da de Obama (hoje o titular da Casa Branca tem 44%,
mas não há comparação com
o predecessor).
O "Times" o vê como "o
mais popular político em
campanha", mesmo sem
concorrer a cargo nenhum.
Nada mal para um sujeito
que deixou o governo marcado por um escândalo sexual
que culminou num processo
de impeachment.
"Bill Clinton é o herói americano agora, apesar de não
ter saído do governo tão popular assim", afirmou o pesquisador Peter Hart, diretor
do Hart Research Associates.
Em janeiro de 2001, 51%
dos entrevistados pelo Gallup diziam-se felizes com a
saída de Clinton, e só 39% o
consideravam confiável. O
ex-presidente, aliás, também
havia sofrido uma derrota
contundente nas legislativas
de meio de mandato de 1994.
Mas sua aprovação geral
pairava em 65% amparada
no bom momento econômico, índice considerado dentro da média nos EUA. Quando ele deixou o poder os americanos contabilizavam superavit fiscal, algo que nunca
mais viram.
É por isso, e não pelo escândalo Monica Lewinski,
que ele é lembrado. Outro
ponto é sua rápida capacidade de adaptação.
"Clinton, como Ronald
Reagan [1981-89], foi capaz
de fazer correções em seu governo após a eleição de meio
de mandato e conseguiu se
reeleger", diz Elaine Kamarck, cientista política que
trabalhou na Casa Branca do
ex-presidente democrata.
"A questão é se Obama vai
reavaliar seu rumo", diz.
FATOR HILLARY
Há apenas três meses, o
ex-presidente não hesitava
em comparar seu legado com
a performance de Obama.
"Enquanto as pessoas não
se sentirem melhores em relação a suas próprias vidas,
elas não vão se sentir melhores em relação ao presidente", afirmou à CNN.
Uma análise corrente é
que Clinton tenta viabilizar
uma eventual candidatura
da mulher, Hillary, em 2012.
Na pesquisa de popularidade
do Gallup, a secretária de Estado empatava com o marido
e superava o chefe, embora
seja questionável se sua capacidade de atrair multidões
se equipare à dos dois.
Com um ano e dois meses
até as primárias partidárias,
são 37% os democratas que
apoiam uma candidatura de
Hillary. Os dados são do fim
do mês passado e têm margem de erro de 4 pontos em
ambas as direções.
Não é um número desprezível, mas os que preferem a
tentativa de reeleição de
Obama ainda são 52% entre
os eleitores do partido.
O índice de aprovação de
Obama tampouco faz dele
um moribundo político. Ronald Reagan e o próprio Clinton pairavam nos 40% após
seus dois primeiros anos de
mandato. E se reelegeram.
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