São Paulo, terça-feira, 29 de janeiro de 2002

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TRAGÉDIA

Incêndio atingiu depósitos de armas em quartel de Lagos; vítimas morreram afogadas ao tentar escapar de explosões

Centenas morrem após fogo na Nigéria

France Presse
Corpos retirados de canal em Lagos no qual se afogaram tentando escapar de fogo e explosões


DA REDAÇÃO

Centenas de pessoas morreram afogadas ao tentar fugir de um incêndio e de explosões iniciadas na noite de anteontem num quartel militar de Lagos, capital financeira da Nigéria e cidade mais populosa da África subsaariana.
Até a tarde de ontem, mais de 500 corpos haviam sido resgatados dos canais da cidade. Muitas das vítimas teriam morrido afogadas ao pular na água para tentar fugir das bolas de fogo e das explosões. Cerca de 20 pessoas morreram calcinadas.
As chamas atingiram a maior parte dos edifícios militares da base de Ikeja, no sudoeste da cidade, incluindo depósitos de armamentos, o que ocasionou a explosão de bombas de grande potência e de vários mísseis, que caíram em áreas residenciais localizadas a até 30 km de distância.
O aeroporto da cidade, localizado nos arredores do quartel, não foi fechado, mas muitos vôos tiveram seus horários alterados e alguns deles foram adiantados.
O fogo começou no final da tarde de domingo em uma rua próxima aos depósitos e se propagou rapidamente, atingindo o lugar onde estavam armazenados os explosivos. Em um período de duas horas, foram ouvidas 30 explosões de forte intensidade, que destruíram diversos prédios próximos.
As explosões provocaram pânico entre os 10 milhões de habitantes da cidade. Segundo moradores dos arredores do quartel, as explosões, que só cessaram nas primeiras horas da manhã, "sacudiam a terra como se fosse um terremoto".
Centenas de bombeiros, militares e voluntários civis trabalharam cerca de 12 horas para apagar por completo o fogo no quartel. Até a tarde de ontem, as autoridades nigerianas não haviam encontrado a causa do incêndio.
As equipes de resgate não haviam divulgado uma relação oficial de vítimas, mas, segundo o embaixador da Suíça na Nigéria, a cifra final de mortos poderia chegar a "milhares".
Quando as explosões começaram, centenas de milhares de pessoas, apavoradas, fugiram de suas casas em busca de proteção. Inicialmente, se havia propagado o boato de que se tratava de uma tentativa de golpe de Estado por parte do Exército.
A base de Ikeja teve papel importante nos diversos golpes militares ocorridos na Nigéria desde a independência do país do Reino Unido, em 1960.
O presidente do país, Olusegun Obasanjo, teve que fazer um discurso transmitido por cadeia de rádio e TV, durante a madrugada, para dizer que as explosões haviam sido provocadas por um acidente, não por um levante militar. Pela manhã, Obasanjo visitou os escombros do quartel e prometeu ajuda humanitária urgente. Ele ordenou uma imediata investigação das causas do incêndio.
O governador do Estado de Lagos, Bola Tinubu, se referiu ao acidente como "um desastre nacional pelo qual os militares são responsáveis". "Isso não foi provocado pelo governo, mas pelos militares", disse ele diante de uma multidão de moradores da região do canal onde se afogou a maioria das vítimas.
O brigadeiro George Emdin, comandante do quartel de Ikeja, pediu desculpas publicamente pelas explosões e pelo pânico que elas geraram, mas qualificou o ocorrido como "um acidente".
Segundo ele, o Exército vinha planejando há anos reformas para melhorar as condições de armazenamento de armamentos.

Com agências internacionais

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