São Paulo, quinta, 29 de janeiro de 1998

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Agentes secretos podem depor

de Washington

O diretor do serviço secreto dos EUA, Lewis Merletti, se reuniu ontem com o promotor independente do caso Whitewater, Kenneth Starr, para discutir a possibilidade de seus agentes serem chamados a depor sobre a relação entre o presidente Bill Clinton e Monica Lewinsky.
Não há precedente de um agente com a missão de proteger o presidente norte-americano ter testemunhado contra ele em juízo.
No caso Watergate, que resultou na renúncia do presidente Richard Nixon, agentes depuseram sobre o sistema de gravação de conversas no Salão Oval da Casa Branca.
No ano passado, quatro agentes que tinham trabalhado com John Kennedy deram entrevistas ao jornalista Seymour Hersh sobre incidentes sexuais envolvendo o presidente que eles diziam ter presenciado.
Merletti advertiu os quatro, embora eles já estejam aposentados, e mandou uma carta aos 3.200 agentes da ativa advertindo que esse tipo de revelação sobre a vida íntima do presidente deve ser evitada.
Para ele, o serviço secreto só pode garantir de maneira eficiente a segurança do presidente se houver absoluta confiança de sua parte de que nada dito ou feito na presença de agentes se tornará público.
As relações entre Clinton e o serviço secreto nos primeiros anos de governo foram difíceis. Os agentes se queixavam de que o presidente não obedecia suas instruções para sua segurança.
Muitas informações sobre atritos entre Clinton e a primeira-dama, inclusive com relatos de incidentes em que ela atirava objetos sobre ele, foram passadas a jornalistas em sigilo pelos agentes.
Depois da explosão em Oklahoma City, em 1995, Clinton passou a acatar mais as determinações do serviço secreto.
Aceitou até que a avenida Pensilvânia fosse fechada no quarteirão da Casa Branca. O vazamento de informações para a imprensa foi estancado.
Um juiz federal está decidindo se o promotor Starr pode convocar agentes para depor.
Nada há nas leis que impeça esses depoimentos. Mas Merletti argumenta contra eles por razões de segurança, e o juiz pode decidir que eles não devem ser feitos.
O serviço secreto foi criado em 1865 por Abraham Lincoln e passou a proteger o presidente depois do assassinato de William McKinley, em 1901. Ele é subordinado ao Departamento do Tesouro.



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