São Paulo, quinta, 29 de janeiro de 1998

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VATICANO

Papa espera causar 'efeito Polônia' com visita a Cuba

das agências internacionais

O papa João Paulo 2º disse esperar que sua viagem a Cuba tenha consequências similares à sua ida à Polônia, em 1979. A primeira viagem oficial do papa ao seu país é considerada o catalisador de movimentos sociais que levaram à queda do comunismo.
"Desejo aos meus irmãs e irmãs daquela linda ilha que os frutos dessa peregrinação sejam similares aos da peregrinação à Polônia", disse no Vaticano.
A viagem do papa a sua terra natal fortaleceu a Igreja Católica e abriu terreno para a criação do sindicato independente Solidariedade, pioneiro no Leste Europeu.
O comentário de João Paulo 2º é o primeiro desde que encerrou sua viagem à ilha, no domingo, e contrasta com a avaliação de Fidel Castro ao final da visita.
O presidente cubano descartou qualquer possibilidade de "eventos apocalípticos" ocorrerem em Cuba como resultado da visita.
Analistas acreditam, porém, que há paralelos entre a situação cubana e a vivida pela Polônia em 1979.
Apesar de não ter a mesma influência que tinha na Polônia à época, a Igreja Católica é considerada a única instituição em Cuba, excetuando-se o PC, com uma atuação abrangente dentro da sociedade.
Durante a viagem, o papa defendeu os direitos humanos, criticou o sistema de partido único e o embargo norte-americano contra a ilha, além de pedir a libertação de presos políticos.
Ontem surgiram os primeiros sinais de que o apelo do papa será atendido, ao menos parcialmente.
O presidente da Assembléia Nacional de Cuba, Ricardo Alarcón, disse ao diário "USA Today" que o governo libertará um número não definido de presos políticos como gesto de boa vontade em relação a João Paulo 2º.
Ainda segundo declarações de Alarcón ao jornal, Cuba vai permitir a entrada no país de mais padres católicos e a celebração de missas ao ar livre.
O oficial cubano, porém, rechaçou o pedido do papa de permitir a reabertura de escolas católicas na ilha comunista.
As declarações de Alarcón foram reproduzidas, de maneira mais cautelosa, pela agência de notícias oficial de Cuba.
Segundo a "Prensa Latina", o pedido de libertação de presos será considerado "com toda a seriedade, sobretudo por sua forma e por vir de quem vem e pelo modo tão respeitoso e adequado pelo qual foi feito".
Diplomacia da bola
O ministro dos Esportes do Brasil, Pelé, afirmou ontem que pretende viajar a Cuba e depois tentar uma audiência com o presidente dos EUA, Bill Clinton, para contribuir com a melhoria das relações entre os dois países.
A sugestão da viagem foi dada pelo senador Eduardo Suplicy (PT-SP). Pelé afirmou ter certeza da colaboração de Clinton, que retribuiria assim a aula de futebol dada pelo ministro ao presidente norte-americano quando este esteve no Brasil.



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