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Treinamos para outro inimigo, diz general dos EUA
JIM DWYER
DO "THE NEW YORK TIMES", NO IRAQUE
A remoção do regime iraquiano
provavelmente demorará mais do
se imaginou inicialmente, disse
ontem o tenente-general William
Wallace, comandante das Forças
Armadas no golfo Pérsico.
"O inimigo contra o qual estamos lutando é um pouco diferente daquele que treinamos para enfrentar, por causa de suas forças
paramilitares", afirmou. "Nós sabíamos que elas existiam, mas
não sabíamos como lutariam."
O general disse que o mau tempo e a resistência obstinada das
forças iraquianas provocaram o
atraso, mas não especificou quanto tempo a mais será necessário
para que as forças anglo-americanas atinjam o objetivo.
Antes da guerra, a possibilidade
de que Saddam Hussein caísse assim que o ataque começasse foi
ventilada com frequência em
Washington. Mas, nos últimos
dias, o presidente dos EUA, George W. Bush, tem enfatizado que o
conflito não terminará em breve e
não será fácil.
O general apenas afirmou publicamente o que muitos soldados
americanos têm dito entre eles.
Wallace é comandante do 5º Corpo, que controla todas as unidades do Exército que participam da
invasão. Deu suas declarações durante visita a um recém-instalada
base americana no centro do Iraque, cuja localização exata não
pode ser revelada.
Ao ser questionado se os combates dos últimos dias haviam aumentado as chances de a guerra se
estender por um período mais
longo do que o planejado, ele respondeu: "Começa a parecer que
será assim."
Embora uma vitória rápida e
decisiva fosse importante do ponto de vista político, a realidade do
campo de batalha está tornando
essa hipótese pouco provável.
Além das condições do tempo e
da resistência feroz por parte dos
iraquianos, também as linhas de
suprimento americanas precisam
alcançar as forças que avançaram
com mais rapidez em direção à
capital iraquiana, Bagdá.
Os comboios precisam garantir
o abastecimento de comida, água
e combustível, entre outros suprimentos, do Kuait até as linhas de
frente do Exército dos EUA, a cerca de 600 km de distância.
Algumas das colunas de transporte levaram cinco dias para
cumprir três quartos do trajeto
mesmo sem enfrentar oposição
direta. Congestionamentos, tempestades de areia que reduziram a
visibilidade a alguns metros, problemas nos veículos são alguns
dos desafios enfrentados.
A 3ª Divisão de Infantaria, que
liderou a avanço americano rumo
a Bagdá, está a cerca de 60 km da
capital, mas seus estoques de água
-fundamental em qualquer circunstância, mas mais ainda no
meio do deserto iraquiano- estão baixos. Assim como as reservas de refeições prontas para o
consumo e de combustível.
E a segurança dos comboios
não está garantida no sul do Iraque e no longo caminho da fronteira kuaitiana até as cercanias de
Bagdá. Em alguns casos, eles se
afastaram perigosamente das tropas que deveriam protegê-los.
"Sabíamos que teríamos de fazer uma pausa em algum momento para incrementar nossa logística", disse o general Wallace.
"Mas não calculamos que teríamos três dias de tempestades de
areia."
"Diante do tempo, das longas
distâncias e das demais dificuldades, meu julgamento em relação
ao nosso desempenho militar é o
melhor possível", afirmou. "Tivemos que fazer uma pausa. Mas
ainda estamos lutando contra o
inimigo todas as noites. E estamos
fazendo o que é necessário para
colocar mais pressão sobre ele do
que temos conseguido colocar."
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