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São Paulo, sábado, 29 de março de 2003

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EM BASRA

Ação forçou civis a voltar para a cidade no sul, segundo autoridades militares britânicas

Iraque ataca civis, dizem britânicos

DA REDAÇÃO

Forças paramilitares iraquianas lançaram morteiros e utilizaram metralhadoras contra cerca de mil civis iraquianos que tentavam sair de Basra, forçando alguns deles a retornar à cidade no sul do Iraque, segundo autoridades militares britânicas e testemunhas que estavam no local no momento do incidente.
Militares britânicos aparentemente tentaram revidar os ataques, mas suspenderam a ação por medo de que os civis ficassem feridos, de acordo com Emma Thomas, uma porta-voz das forças britânicas no golfo. Como resultado, alguns civis voltaram para Basra em caminhões. Não se sabia quantos civis conseguiram escapar.
Forças britânicas têm cercado a cidade de Basra, que possui pelo menos 1,2 milhão de habitantes, com a esperança de eliminar unidades ainda leais ao ditador iraquiano, Saddam Hussein, e de abrir caminho para a ajuda humanitária à região.

"Nem um pouco perto"
Ontem, porém, o coronel Chris Vernon disse que as forças britânicas não estavam "nem um pouco perto" de controlar a cidade, a segunda maior do Iraque.
Vernon informou que as forças anglo-americanas subestimaram o nível de resistência de grupos leais a Saddam e que os civis de Basra precisam ser convencidos de que as forças da coalizão vão apoiá-los se eles se rebelarem contra Saddam.
Muitos civis iraquianos vêm deixando Basra todos os dias para tentar conseguir comida -depois, muitos voltam para casa. "Nossa interpretação é que aqui talvez haja os primeiros indícios de que a população iraquiana está tentando se livrar do regime do partido Baath e da milícia", declarou Vernon.
"Claramente, a milícia não quer isso. Eles querem manter a população ali e atiraram contra ela para forçá-la a retornar [a Basra]."
Forças iraquianas lançaram morteiros contra civis que tentavam deixar Basra ontem de manhã. Mulheres e crianças tentaram se proteger em pânico. Alguns civis conseguiram atravessar uma ponte e deixar a cidade.

Medo
"Eles também estavam com medo de nós", afirmou o tenente-coronel Mike Riddell-Webster. "Eles não sabem o que está acontecendo, mas estão com mais medo do partido Baath. O regime local na cidade ainda está usando o medo como o principal instrumento para manter a população na linha", afirmou o major britânico Lindsay MacDuff.
"Detivemos um homem no bloqueio outro dia que nos disse que, se nós não o deixássemos fugir para o sul, ele ou seus familiares seriam mortos. Tivemos de obrigá-lo a voltar por razões de segurança", afirmou MacDuff.
"Quando nós o vimos novamente, ele estava carregando um Kalashnikov na linha de frente da oposição", declarou.
Em ao menos três ocasiões, unidades britânicas disparam contra tanques iraquianos e veículos blindados que estavam perto da cidade.
Autoridades britânicas disseram que se surpreenderam com a resistência de soldados iraquianos e de paramilitares.
Na quinta-feira, pelo menos 14 tanques T-55 que estavam ao sul de Basra se dirigindo em direção à península de Al Faw foram destruídos pela coalizão anglo-americana, por meio de ataques terrestres e aéreos, informaram autoridades britânicas.
Os britânicos afirmam que estão no sul do Iraque para defender os muçulmanos xiitas (maioria no país), que teriam se rebelados nas ruas da cidade contra o regime de Saddam Hussein no início da semana. O Iraque negou que tivesse havido um levantamento. Autoridades do Reino Unido e dos EUA declaram que têm esperança de que haja revoltas em Basra.


Com agências internacionais


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