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São Paulo, sábado, 29 de março de 2003

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AJUDA HUMANITÁRIA

Volta de programa teve apoio dos 15 membros do Conselho de Segurança

ONU retoma Petróleo por Comida

DE NOVA YORK

O Conselho de Segurança da ONU aprovou ontem a volta do programa "Petróleo por Comida", de ajuda humanitária à população iraquiana.
A medida teve aprovação unânime, mas para chegar até esse ponto foi preciso uma semana de discussões entre os 15 membros do Conselho, dividido sobre a questão iraquiana desde antes do início da guerra.
Pelo texto aprovado ontem, o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, que havia feito o pedido para que o programa fosse retomado, será o responsável nos próximos 45 dias por dirigir o pacote de ajuda ao Iraque.
A resolução, porém, não dá a ele poder para assinar novos contratos sobre o petróleo iraquiano, como se chegou a cogitar, o que significaria retirar o poder do regime de Saddam Hussein sobre o óleo.
A medida vai de encontro à posição bancada pela Rússia, que não queria ver rasgados os atuais contratos de petróleo do regime iraquiano -empresas do país detêm o maior filão deles.
Dessa forma, o campo de ação de Annan ficará limitado à troca do petróleo que já está nos oleodutos iraquianos.
Instituído em 1996, o programa "Petróleo por Comida" serve como fonte de alimentos para 60% dos 24 milhões de iraquianos. O plano havia sido paralisado com o início da guerra, quando Annan ordenou aos funcionários da ONU no Iraque que deixassem o país.
Agora, a ONU diz que esperará o momento adequado, de acordo com a evolução do conflito, para colocar o programa em andamento de novo.
O embaixador da Alemanha nas Nações Unidas, Gunter Pleuger, definiu o plano aprovado ontem como "o maior programa de assistência humanitária da história da ONU".
Já a França, principal voz de oposição aos EUA no Conselho, ressaltou o reagrupamento conseguido ontem pelo órgão. "Com base nesse texto humanitário, o Conselho de Segurança recuperou sua unidade, e esse é um importante resultado também", disse seu embaixador na ONU, Jean-Marc de la Sabliere.
"O resultado de hoje se traduz em resultados concretos. A população do Iraque já sofreu demais", afirmou o representante americano, John Negroponte.
O Iraque não concorda com a aprovação do plano pela ONU. "Essa votação não faz sentido porque precisa ser discutida antes a questão da paz na região. Há uma guerra em andamento. Primeiro a paz, depois o problema humanitário", afirmou à Reuters o embaixador do Iraque na ONU, Mohammed Al-Douri.
A primeira medida do programa deverá ser colocar dentro do Iraque US$ 10 bilhões em bens (US$ 2,4 bilhões em comida) que já tiveram a compra aprovada antes do início da guerra. (RD)


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