São Paulo, segunda-feira, 29 de abril de 2002

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EUA estudam plano de ataque ao Iraque em 2003

THOM SHANKER
DAVID E. SANGER
DO "THE NEW YORK TIMES", EM WASHINGTON

O governo de George W. Bush está traçando uma possível abordagem para derrubar o ditador iraquiano, Saddam Hussein. A proposta inclui uma grande campanha aérea e uma invasão por terra. As estimativas iniciais dão conta de que seriam utilizados entre 70 mil e 250 mil homens.
O porta-voz da Casa Branca, Ari Fleischer, disse ontem que o Pentágono tem vários planos de contingência para o Iraque, mas que o governo não tomou nenhuma decisão de agir militarmente.
O governo está pensando nessa abordagem porque concluiu que um golpe de Estado interno no Iraque teria poucas chances de êxito. E uma batalha ""por procuração", usando forças locais, não derrubaria Saddam.
Mas altos funcionários do governo americano já reconhecem que qualquer ofensiva no Iraque provavelmente terá que ser adiada até o início do ano que vem, para dar tempo para a criação das condições militares, econômicas e diplomáticas apropriadas.
Até recentemente o governo vinha contemplando a possibilidade de um confronto com Saddam no outono deste ano (no hemisfério norte), depois de que fosse apresentado na ONU o argumento de que o líder iraquiano não quer permitir o tipo de inspeções altamente invasivas, necessárias para provar que ele não dispõe de armas de destruição em massa.
Esse cronograma já está parecendo menos provável. O conflito no Oriente Médio aumentou as divergências no interior do governo quanto a se uma ação militar poderia ou não ser empreendida sem inflamar os Estados árabes e provocar violência antiamericana em toda a região.
Em seus discursos públicos, Bush ainda soa decidido a derrubar Saddam do poder, deixando claro que não vai permitir que a crise do Oriente Médio obscureça sua meta. Mas ele não emitiu nenhuma ordem para o Pentágono mobilizar suas forças.
Uma das muitas questões que precisam analisar é onde basear as forças aéreas e terrestres.
Antes mesmo do tenso encontro de Bush com o príncipe herdeiro saudita, Abdullah, na quinta-feira, o Pentágono já estava partindo da premissa de que talvez precise conduzir sua possível ação militar sem contar com as bases na Arábia Saudita.
O planejamento agora está prevendo a possibilidade de que seja feito uso extenso das bases para forças americanas na Turquia e no Kuait, com o Qatar substituindo o sofisticado centro de operações aéreas na Arábia Saudita, e Omã e Bahrein desempenhando papéis de destaque.
Quanto ao plano de guerra propriamente dito, a previsão é que se opte por uma abordagem mais tradicional do que a campanha não convencional movida no Afeganistão. Tal abordagem lembraria a guerra do Golfo, em estilo se não em suas dimensões, e seria travada com armas mais modernas e táticas mais dinâmicas.


Tradução de Clara Allain

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